Filme do dia (31/2019) - "A Morte Cansada", de Fritz Lang, 1921 - Em um pequeno vilarejo, um rapaz apaixonado, prestes a se casar, desaparece. Sua noiva sai em sua busca e descobre que a Morte o levou, motivo pelo qual a jovem suplica pela vida do amado. No entanto, a Morte não parece disposta a devolver-lhe seu amor.
Dividida em seis versos, a obra discorre filosoficamente sobre a inevitabilidade da morte e sobre a impossibilidade de burlar tal lei da natureza. A Morte surge como uma entidade resignada com o seu destino, mas cansada de sua função. A própria Morte não é capaz de evitar o fim quando ele está determinado para uma pessoa e, mesmo desgostosa, aquela vida será ceifada pela entidade macabra. Ao longo do filme, acompanhamos, além da sina do casal, outras três histórias de amor e morte, em locais e épocas diferentes. Em relação a pelo menos duas das histórias, é curioso ver o estereotipado olhar europeu acerca de outras culturas. Apesar de parte da ambientação se passar em locais exóticos, completamente "descolados" do usual do Expressionismo Alemão, o restante da obra encaixa-se bastante nos preceitos do movimento artístico em questão. Com uma atmosfera onírica e pesada, o filme mostra-se essencialmente sensorial e trabalha, o tempo todo, no terreno do fantástico e do subjetivo. Há, aqui, o uso frequente de imagens sobrepostas com o intuito de criar uma ilusão fantasmagórica do além. Destaque para a cena em que a jovem apaixonada avista as almas recém desencarnadas rumando para a passagem para "o outro lado" - a cena é assustadora e impactante. A metáfora das vidas como velas que queimam até se apagarem chega a ser bela e romântica. Quanto às interpretações, o destaque fica por conta de Bernhard Goetzke como a Morte - sua expressão chega a revelar a dor de ter de separar amores e afetos, uma visão bastante diferenciada e interessante da entidade. O filme é bastante bom, ainda que aquém de outras obras do diretor como "Metrópolis" (1927) e "M - O Vampiro de Dusseldorf" (1931). Recomendado.
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