Filme do dia (235/2021) - "A Mosca", de David Cronenberg, 1986 - Durante uma festa, a jornalista Veronica (Geena Davis) conhece um obscuro cientista, o Dr. Seth Brundle (Jeff Goldblum), que lhe diz que está trabalhando em um experimento que mudará o destino da humanidade. Curiosa com a afirmação, Veronica acompanha Seth ao seu laboratório, sem saber que isso mudará para sempre sua vida.
Baseado no conto homônimo de George Langelaan, o filme tem um enredo feito sob medida para um diretor como David Cronenberg. Discutindo temas como os limites da ciência, o enfrentamento do desconhecido e a finitude, a obra é, antes de tudo, um entretenimento de primeira qualidade - é possível assisti-la sem pensar em qualquer tema transverso, apenas aproveitando a diversão. Mas, que fique claro: diversão à moda de Cronenberg, ou seja, cheia de cenas repulsivas, degradantes e angustiantes. Na história, o cientista Seth cria um aparelho que permite o teletransporte. O personagem consegue, com facilidade, teletransportar objetos inanimados, mas encontra séria dificuldade ao tentar transportar seres vivos. Ao longo de sua pesquisa, ele alcançará alguns sucessos, mas, uma desatenção sua trará consequências nefastas para si próprio. O filme começa leve, com um pé no romance e na aventura, mas, paulatinamente, transforma-se em um verdadeiro pesadelo, chegando a causar angústia e comiseração pelos personagens principais. A narrativa é linear, em ritmo intenso e crescente. Tecnicamente é um bom filme hollywoodiano da década de 80, com destaque para a direção de arte, maquiagem e os efeitos especiais - a criatura que surge na segunda metade da obra, parte humana, parte artrópode, desperta estranhamento no espectador que vira, rapidamente, repulsa, raiva e, por fim, piedade. A última cena é tão triste que a gente quase precisa segurar as lágrimas. Ah, sim - prepare-se para escatologias e "gorices" bem ao estilo do diretor (quem esquece filmes como "Scanners", 1981, "Videodrome", 1983, e a cereja do bolo "Mistérios e Paixões", 1991??? Difícil, não?). O elenco traz Geena Davis numa interpretação um pouco forçada (muito longe de sua interpretação em "Thelma e Louise", 1991) e Jeff Goldblum, este óóóóótimo como Dr. Seth Brundle. Completando o elenco, John Getz como o editor e ex-namorado da jornalista. O filme foi agraciado com o Oscar e o BAFTA de melhor maquiagem. Ah, é nojentinho mas é bacana (pode ter certa memória afetiva aí também). Eu recomendo junto com um balde grande de pipoca.
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