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"A Mulher da Neve", de Tokuzo Tanaka, 1968

hikafigueiredo

Filme do dia (266/2021) - "A Mulher da Neve", de Tokuzo Tanaka, 1968 - Em uma noite fria, um escultor e seu aprendiz Yosaku (Akira Ishihama) deparam-se com a terrível Mulher da Neve, uma entidade maligna que mata os homens a quem encontra. No entanto, o espírito, encantado com a beleza e juventude do aprendiz, o poupa da morte, impondo uma única condição para tanto. Pouco tempo depois, Yosako conhece a bela Yuko (Shiho Fujimura) e com ela se casa, jamais revelando seu segredo.





Baseado em um dos contos folclóricos do livro "Kwaidan", de Lafcádio Hearn, o filme é apenas uma das versões desta história, sendo, a mais famosa, a de Masaki Kobayashi, em "Kwaidan - As 4 Faces do Medo" (1964). A história discorre sobre a entidade maldita que dá nome à obra, que, surpreendentemente, poupa uma vítima da morte por achá-la muito bela e jovem. Após o encontro com a Mulher da Neve, a tal vítima, de nome Yosako, apaixona-se por uma moça e se casa, sem saber que a entidade jamais deixara de estar à espreita. Mais completa e longa que o episódio filmado por Kobayashi, a obra de Tanaka ganha em detalhes e beleza visual, mas, em compensação, perde no quesito impacto, pois, justamente por alongar a narrativa, acaba revelando informações importantes antes da hora. Assim, enquanto a história de Kobayashi mostra-se apavorante (para mim, uma das narrativas mais arrepiantes do folclore japonês), a de Tanaka é bem suavizada, ganhando ares de drama mais do que de terror. A narrativa é linear, em ritmo suave, caracterizando-se como um saboroso terror psicológico. A atmosfera é de mistério e um tanto quanto onírica. O filme tem uma beleza visual marcante - a aparição da Mulher da Neve logo no início da obra é, ao mesmo tempo, bela e assustadora. A fotografia colorida é suave, com uma tendência aos tons azulados e frios. Os planos são prioritariamente médios, mas os planos detalhes dos rostos dos personagens marcam pelo "peso" dramático (em especial quando se trata de closes da entidade). Quanto às interpretações, o destaque fica por conta de Shiho Fujimura, por sua versatilidade. O filme é muito bonito e chega a ser tocante (um filme de terror tocante? Pois é...), mas um pouco frustrante se considerado o gênero e se comparado ao capítulo da mesma obra de "Kwaidan - As 4 Faces do Medo". Vale a pena ver? Até vale, mas ainda prefiro a versão de Masaki Kobayashi.

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