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  • hikafigueiredo

"A Mulher e o Atirador de Facas", de Patrice Leconte, 1999

Filme do dia (237/2017) - "A Mulher e o Atirador de Facas", de Patrice Leconte, 1999 - A jovem Adéle (Vanessa Paradis), desiludida da vida que tem levado, está decidida a se jogar nas geladas águas do Rio Sena. No momento em que atravessa o beiral da ponte, é questionada por um homem estranho (Daniel Auteuil), o qual se apresenta como artista circense e lhe faz a proposta de ser seu alvo num número de atirador de facas. Qual será a opção de Adéle?





Com certa frequência, pego um filme aleatório, sem ter qualquer informação acerca dele e resolvo assisti-lo. Com quase a mesma frequência, dou sorte e sou positivamente surpreendida pela escolha. Mas algumas obras se destacam nesse universo aleatório, e este foi o caso. O filme é uma delícia, praticamente não tem nenhum porém, ele é redondo, irretocável. A história gira em torno da entrega absoluta, do estabelecimento da confiança total entre duas pessoas, da completude de um relacionamento entre dois seres humanos. A relação entre Adéle e Gabor, o atirador de facas, ultrapassa o relacionamento profissional, a amizade ou algum acerto amoroso - eles praticamente "funcionam" como uma unidade, uma única célula. Não que a dupla não entre em atrito, não se desentenda, não divirja entre si - ah, eles fazem isso constantemente... mas, quando Gabor atira suas facas, ele e Adéle estabelecem uma ligação única, há uma entrega, uma doação, é lindo, lindo... e sensual, arrepia o espectador, cria-se uma tensão que beira a sexual. E tudo isso é muito bem orquestrado no filme, a direção de Patrice Leconte é firme, mas ao mesmo tempo, suave. A obra é bastante sensível, sem ser piegas ou melosa. Esteticamente, ó filme também é bastante agradável. A bela fotografia P&B cria uma aura poética, que por vezes se choca com os enquadramentos exóticos e alguns movimentos de câmera inusitados. Gostei da direção de arte, principalmente dos figurinos de Adéle. No que tange ao elenco, Daniel Auteuil foi uma escolha segura, graças à sua versatilidade e ao seu talento (eu brinco que Daniel Auteuil é o Ricardo Darín francês - está em tudo que é filme daquele país rs), e como era de se esperar, está ótimo no papel de Gabor (o personagem não é fácil, ele tem diferentes nuances, demonstra segurança, altivez, mas também apresenta vulnerabilidades e dependência, bem legal). Já Vanessa Paradis, que num primeiro momento não me pareceu a melhor das opções como atriz, no decorrer do filme comprovou ser uma escolha para lá de acertada - sem ser modelo de beleza clássica, sem aparentar dotes excepcionais à primeira vista, ela consegue seduzir o espectador com sua fragilidade, com sua incerteza e com seu olhar que fala mais que mil palavras, ela é ótima. Bom, é evidente que eu adorei a obra, super me identifiquei com ela, fui completamente seduzida pela história e pelos personagens. Recomendo com carinho.

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