Filme do dia (25/2023) – “A Noite do Cometa”, de Thom Eberhardt, 1984 – Após a passagem de um cometa pela Terra, a maior parte da população mundial é dizimada. Alguns poucos sobrevivem sem sequelas e outros acabam sobrevivendo mas se tornam criaturas ferozes, quase zumbis. Neste panorama, as irmãs Regina (Catherine Mary Stewart) e Samantha (Kelli Maroney) precisam lutar para sobreviver, o que tentarão fazer com a ajuda do desconhecido Hector (Robert Beltran).
A década de 1980 foi, reconhecidamente, bastante profícua para o nicho de filmes para adolescentes. Acho que jamais o cinema esteve tão engajado a realizar obras para este público como nessa década. É certo que foi nesse período que surgiram clássicos, verdadeiras obras primas, como os deliciosos “O Clube dos Cinco” (1985), “De Volta para o Futuro” (1985) e “Curtindo a Vida Adoidado” (1986), filmes para adolescentes irretocáveis! Mas também foram feitos muitos filmes discutíveis voltados para esse público jovem. E, para mim, é o caso desta obra aqui. “A Noite do Cometa” consiste em um filme do gênero ficção científica voltado para adolescentes e tem um dos roteiros mais frágeis que já tive contato. Desde a sinopse, boa parte do que acontece não tem qualquer explicação, começando pela questão de alguns sobreviventes se tornarem zumbis enquanto a maior parte dos que tiveram contato com a radiação advinda do cometa terem simplesmente virado pó... Okay, é bastante comum no gênero ficção científica o chamado “filme B” – obras de baixo orçamento e apelo popular -, mas o que temos em “A Noite do Cometa” suplanta o que conhecemos como “filme B”, aproximando-se dos filmes “trash”, tal a “groselha” que é a história. É engraçado que, na história, todos os adultos são canalhas, incompetentes ou estúpidos – só se salvam os personagens adolescentes. Os acontecimentos são aleatórios, as soluções chegam a ser patéticas, o roteiro é beeeeeeem mambembe. Poderíamos parar por aqui, mas, não, tínhamos de juntar uma execução quase tão pífia quanto o roteiro meia-boca. Convenhamos que a estética oitentista não ajuda – tudo na década de oitenta era excessivamente cafona, da maquiagem pesada, aos cabelos exagerados, passando pelas roupas de gosto para lá de duvidoso – e o filme traz toda a breguice oitentista em doses cavalares, não apenas no desenho de produção (que eu ainda prefiro chamar de “direção de arte”), mas, também, na fotografia ultra saturada, com o uso de luzes coloridas inexplicáveis (a cidade tem um tom vermelho-alaranjado, dentro das construções temos luzes azuis, roxas, de todas as cores do arco-íris) e na trilha sonora ”pop-animadinha” (e horrorosa). Coroando tudo, a interpretação magistralmente canastrona de todo o elenco... todo? Todo!!!! Não salva um intérprete no filme inteiro... Gente... o que são as cenas de luta/confronto das adolescentes???? Eu caí na gargalhada, te juro. Não vou passar pano, não. O filme é bem fraco, para não dizer abertamente ruim. Infinitamente inferior às ficções científicas das décadas de 50-60-70, que entram em discussões bastante profundas sobre temas como o uso da energia nuclear, superpolulação, pesquisas sobre fendas temporais, governos ditatoriais, sobrevivência ao colapso da sociedade, dentre outros. Não curti porque esperava outra coisa, mas, como filme “trash”, ele bem que pode passar. Veja por sua conta e risco.
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