Filme do dia (172/2021) - "A Noite do Terror", de Curtis Harrington, 1961 - O jovem marinheiro Johnny Drake (Dennis Hopper) conhece Mora (Linda Lawson), uma bela e misteriosa garota que se apresenta em um parque de diversões como uma sereia. Logo ele vai se deparar com estranhos acontecimentos relacionados à moça.

Muito mais afeto ao gênero fantasia que ao terror e com um título traduzido quase inexplicável, o filme discorre sobre a lenda das sereias, incluindo, aí, sua irresistível atração pelo sangue dos marujos desavisados. Não espere uma obra assustadora e sombria - a história segue com leveza, diria que até com certa poesia, e mesmo no clímax, a narrativa não embarca em uma atmosfera pesada ou realmente aterrorizante. A história segue os passos do marinheiro Johnny que, em uma noite de folga, conhece a misteriosa Mora e imediatamente encanta-se por ela. Ao longo dos dias que se seguem, Johnny se envolve cada vez mais com a moça e, mesmo quando ele recebe diferentes alertas, partindo das mais diversas pessoas, acerca do perigo que corre ao lado de Mora, ele insiste em permanecer em sua companhia. A maneira como o filme retrata o famoso inebriamento dos marinheiros ao canto - aqui, no caso, à presença - das sereias é bem interessante - Johnny mostra-se assustado e reticente, mas é completamente incapaz de resistir à garota e a segue mesmo desconfiando de que isto não seja nada seguro. A narrativa tem um ritmo suave, com poucos momentos mais marcados e a atmosfera é de mistério, sedução e muito moderada tensão. A fotografia P&B é bem contrastada, com um leve apelo expressionista. Destaque para a cena da hipnótica dança de Mora na praia. A história desenvolve-se com segurança, mas derrapa fragorosamente no final - o desfecho demole tudo que estava sendo construído até então e, ainda que tenha uma conclusão dúbia, torna-se um balde de água fria para os amantes dos filmes fantásticos. Um ponto positivo da obra é trazer o grande Dennis Hopper em seu primeiro filme como protagonista - apesar da pouca experiência, o ator sai-se muito bem, conseguindo explorar a angústia e indecisão do jovem marinheiro frente aos encantos da misteriosa Mora e já dando mostras de seu talento; no papel da pretensa sereia, Linda Lawson, atriz de televisão em sua primeira e única incursão ao cinema. No elenco, ainda, Gavin Muir como Capitão Murdock e Luana Anders como Ellen. O filme é bonzinho, mas merecia, definitivamente, um final mais contundente e decisivo. Mais recomendado para quem gosta de fantasia do que de terror.
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