Filme do dia (88/2021) - "A Noiva Ensanguentada", de Vicente Aranda, 1972 - Susan (Maribel Martin) é uma jovem recém casada que começa a ter pesadelos com uma antiga ancestral de seu marido (Simón Andreu) que matara seu noivo na noite de núpcias.

Baseada na novela "Carmilla", de Joseph Sheridan Le Fanu, de 1872, a obra traz uma jovem e virginal esposa incomodada com os avanços sexuais de seu próprio marido. Neste panorama, como atendendo a um chamado, surge a presença de Carmilla/Micarlla, a qual aparece como uma noiva e passa a assombrar, primeiro os sonhos de Susan, depois sua vida real. Como rotineiro nos filmes de vampiras, há um forte apelo sexual, inclusive com a inclusão de uma relação homossexual entre as personagens femininas e a presença de uma grande mágoa destas em relação aos personagens masculinos, explicitada através de sua ânsia em lhes destruir a representação de sua masculinidade - seu órgão genital. A narrativa é linear, entrecortada pelos pesadelos e visões da personagem Susan. O ritmo é um pouco moroso no princípio, acelerando à medida em que nos aproximamos do desfecho. A atmosfera é sombria e sedutora, com uma pegada meio sadomasoquista - há uma evidente disputa pelo poder entre os personagens, travada no âmbito sexual e que abarca o triângulo amoroso formado por Susan, Carmilla/Micarlla e o marido. Tecnicamente, temos alguns maneirismos típicos da década de 1970 - como alguns "zooms" rápidos - e uma fotografia que me pareceu um pouco "lavada", isto é, com cores pouco saturadas e excesso de brilho. No elenco, destacaria o trabalho de Maribel Martin como a jovem esposa Susan, dividida entre a figura espectral de Carmilla e o marido. É um filme mediano, nem excepcional, tampouco ruim, mas que tem virtudes e, para quem gosta do gênero, vai ser uma boa pedida.
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