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  • hikafigueiredo

"A Noiva Estava de Preto", de François Truffaut, 1968

Filme do dia (59/2022) - "A Noiva Estava de Preto", de François Truffaut, 1968 - Uma misteriosa mulher, vestida invariavelmente de branco ou de negro, busca homens específicos e os assassina de maneira determinada e fria. Qual seria sua motivação?





Baseada no livro homônimo de Willian Irish (pseudônimo de Cornell Woolrich), mesmo autor do conto que originou o soberbo "Janela Indiscreta" (1954), a obra é uma grande homenagem ao mestre do suspense, Alfred Hitchcock. Trata-se de um thriller que tem, como base, uma vingança (sem spoilers), por motivo que só nos será revelado após cerca de meia hora de filme. Quem começar a assistir à obra só com essa informação, provavelmente se sentirá um pouco perdido no começo da narrativa, mas não se preocupe, tudo virá à tona no seu devido tempo (cabe mencionar que quase todas as sinopses que eu vi dessa obra revelam a motivação da protagonista para assassinar aqueles homens, acabando com parte do suspense, o que eu acho um absurdo). O filme - bastante diferente das demais obras do diretor - brinca com a linguagem cinematográfica usualmente utilizada pelo gênero suspense: várias são as cenas em que a câmera se aproxima de algum objeto, dando-lhe destaque, pois ele será importante para o desenrolar da trama; também são comuns as cenas inicialmente sem explicação que, mais adiante, ganham significado; temos, ainda, cenas do ponto de vista da protagonista ou de outros personagens, focando em algo que terá importância logo em seguida. O filme inteiro transpira Hitchcock e - não sei se foi viagem minha - tem várias alusões ao mestre. Para completar as referências a Hitchcock, ainda temos o trabalho de Bernard Hermann, responsável pelas trilhas sonoras de "Um Corpo que Cai" (1958) e "Psicose" (1960) e que aqui auxilia na criação de suspense com sua composição. A narrativa da obra é não linear, alternando passado e presente, em ritmo marcado e constante. O elenco traz uma Jeanne Moreau um pouco inexpressiva, certamente por escolha do diretor, no intuito de representar uma personagem fria e "morta por dentro" (como eu sou fãzona da atriz, eu a acho sempre fantástica rs), e é completado pelas interpretações de Michel Bouquet, Jean-Claude Brialy, Charles Denner, Michael Lonsdale, Daniel Boulanger e Alexandra Stewart. François Truffaut não ficou muito satisfeito com o resultado do filme, talvez por não o achar à altura do homenageado. Hitchcock, ao contrário, gostou bastante da obra e a elogiou para Truffaut. Certo é que o filme concorreu ao Globo de Ouro (1969) na categoria Melhor Filme Estrangeiro. Eu adooooooro as obras de Truffaut, mas esse filme difere bastante do restante de sua filmografia, o que não quer dizer que eu não gostei do que vi - mesmo sendo um filme menor do diretor, seu domínio da linguagem cinematográfica permanece ali. Eu curti e recomendo.

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