Filme do dia (27/2017) - "A Palavra", de Carl T. Dreyer, 1955 - Um velho fazendeiro possui três filhos: o mais velho é ateu; o último, deseja casar-se com uma moça de religião diferente da sua; o do meio, vivendo em um aparente transe, diz ser o retorno de Jesus. Um incidente revelará a fé de cada personagem.
Ganhador do Leão de Ouro no Festival de Veneza, a obra gira, basicamente, em torno das questões da religião e da crença, discutindo quem são realmente os detentores da fé. O filme, belíssimo, com uma fotografia marcante, não vai agradar a todos os públicos - o ritmo lento, a pouquíssima movimentação dos atores, a ausência de música fazem com que o espectador atual estranhe bastante a obra. Para quem não teme conhecer narrativas diferentes, mais "antigas", é bem interessante visitar "A Palavra". Mas não esperem a mesma carga dramática de "O Martírio de Joana D'Arc", do mesmo diretor - neste filme, tudo é muito contido, e mesmo os ápices de tensão são discretos e controlados. Apesar de bonito e um marco no cinema dinamarquês, admito que foi um pouco sofrido assisti-lo, não tanto pelo ritmo, mas mais pela contenção de emoções que eu descrevi - preciso reassisti-lo algum dia para ver se não foi só um mau dia. Deixo para recomendar (ou não) depois desta segunda visita.
Comments