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hikafigueiredo

"A Regra do Jogo", de Jean Renoir, 1939

Atualizado: 28 de mai. de 2020

Filme do dia (206/2020) - "A Regra do Jogo", de Jean Renoir, 1939 - O aviador André Jurieux (Roland Toutain) acaba de realizar um feito da aviação ao cruzar a Atlântico. Sua cabeça, no entanto, está em Christine (Nora Gregor),a mulher casada por quem está apaixonado. Uma declaração à rádio que o entrevista vai desencadear uma série de revelações e atitudes no seio da sociedade parisiense.





Ainda que o próprio diretor tenha afirmado, nos antetítulos da obra, que não pretendeu fazer um estudo dos costumes sociais da época, é exatamente o que ele faz em seu filme. Temos, ao longo da narrativa, uma pequena mostra de como se davam os jogos de conquista e os relacionamentos extraconjugais em meio à alta sociedade francesa, assim como se davam, os mesmos fatos, nas classes menos abastadas. O título do filme já diz tudo - quais eram as "regras do jogo", o que era aprovado, o que era tolerado, a que se faziam vistas grossas e o que era, assumidamente, condenado. É divertido ver como, lá, nos idos da década de 1930, alguns costumes eram tão mais "relaxados" que os atuais, importando muito mais as aparências e manutenção das mencionadas regras do que o que os indivíduos faziam propriamente dito atrás das portas fechadas ou por baixo dos lençóis. Ainda que não seja uma comédia rasgada, a obra traz uma evidente comicidade na forma como os personagens lidam com suas paixões e seus relacionamentos extraconjugais. Não vou estragar a brincadeira do coleguinha dando spoilers, mas só destaco como as coisas vem a fluir diferente em diferentes classes sociais. Reclamação forte - ainda que entenda a metáfora usada entre a caça e os jogos de conquista, achei a cena da caçada completamente dispensável e desprezível... coitados dos bichinhos, detestei. A narrativa é cem por cento linear e cronológica e o ritmo é intenso, bem uma comédia de erros, com a troca constantes de situações e personagens envolvidos. A fotografia P&B é suave, a luz é bastante difusa, principalmente nos rostos, dando aquela aparência aveludada à pele das atrizes (nada mais clássico que isso!). Os posicionamentos de câmera são bastante tradicionais, com raros planos divergindo do habitual e algumas cenas onde a profundidade de campo traz diferentes ações acontecendo simultaneamente. A direção de arte traz requinte aos cenários e personagens, afinal, tudo se passa num ambiente da alta classe parisiense. O elenco é enorme, afinal há um constante vem e vai de personagens, mas os destaques ficam por conta de Nora Gregor como Christine, Roland Toutain como André, Marcel Dalio como Robert, e o próprio Jean Renoir como Octave (aliás, meu personagem predileto da trama). O filme é excelente, muito divertido, instigante e surpreendente, vale cada minuto de duração! Recomendo pacas!

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