Filme do dia (157/2024) – “A Sombra do Gato”, de John Gilling, 1961 – Inglaterra, 1900. A rica herdeira Ella Venable (Catherine Lacey) é covardemente assassinada por Andrew (Andrew Crawford), seu mordomo, por ordem de Walter (André Morell), marido de Ella, e com a cooperação de Clara (Freda Jackson), a empregada da casa. A única testemunha é Tabitha, a gata da vítima, que, após o ocorrido, resolve vingar a morte de sua tutora.
Filme de terror gótico do célebre estúdio Hammer, a obra tem um roteiro que, apesar de meio esdrúxulo, funciona direitinho e, com certeza, vai agradar os amantes de gatos (meu caso). Na história, uma milionária é assassinada por seus empregados a mando de seu próprio marido, de olho da herança. A única testemunha é a gata da vítima, que, inconformada, passa a assombrar os assassinos de sua tutora, matando-os um a um. Então... a bizarrice da história está justamente nessa humanização da gata, a qual tem um comportamento incondizente com um animal, por mais inteligente que ele seja. Mas, se o espectador “aceitar” essa suposição de que a gata poderia querer se vingar da morte da dona, a narrativa flui muitíssimo bem e consegue envolver o espectador. Para os amantes de gatos, os vilões da história ficarão ainda piores por seu empenho em pegar a gata para matá-la, motivo pelo qual, desde cedo, torci muito pela bichana e me vi, justamente por isso, completamente cooptada pela vingança do animal. A narrativa é linear, em um ritmo moderado a ágil, bastante adequado à história. A atmosfera de suspense e tensão surge logo nos primeiros minutos do filme e só cresce à medida em que a narrativa avança – e devo dizer que é um dos méritos da obra. A fotografia P&B é bastante contrastada e muito criativa – temos vários planos em plongée e contraplongée, planos em que se aproveita a profundidade de campo para mostrar dois acontecimentos diversos, posicionamentos de câmera sofisticados e imagens ligeiramente distorcidas para indicar o ponto-de-vista da gata, tudo para auxiliar a narrativa e o estabelecimento de atmosfera de suspense, com sucesso. No elenco, destaque para André Morell como o infame marido da vítima, um homem cruel, ganancioso e covarde, muito bem interpretado pelo ator; Barbara Shelley interpreta Beth, a sobrinha preferida da vítima, chamada às pressas para o local para ser “monitorada” pelo tio, num trabalho de qualidade da atriz. Mas vou confessar que quem me encantou foi Bunkie, a gatinha treinada para ser Tabitha na história – sim, sou louca por felinos, me deixem! A obra segue a qualidade dos filmes do estúdio Hammer, que fez sucesso na década de 1960 justamente no gênero terror. Confesso que o argumento esquisito me conquistou e eu gostei do filme e veria tranquilamente de novo em outra oportunidade. Para variar, não está disponível em nenhum streaming, só em torrent ou mídia física.
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