Filme do dia (107/2017) - "A Vida Marinha com Steve Zissou", de Wes Anderson, 2004 - Steve Zissou (Bill Murray) é um renomado, mas decadente, oceanógrafo que batalha para que sua nova empreitada científica torne-se real. Com o auxílio financeiro de um suposto filho - Ned (Owen Wilson) - Zissou consegue embarcar na nova aventura, onde terá de enfrentar piratas, motins e acidentes, na companhia de sua equipe, sua esposa Eleanor (Angelica Houston) e a repórter Jane (Cate Blanchett).
Nessa obra de Wes Anderson, temos algumas das marcas do diretor - o roteiro rebuscado, a direção de arte primorosa e os personagens marcantes e fantasticamente humanos, pois cheios de virtudes e defeitos. Admito que demorou um pouco para a obrar me convencer e arrebatar - lutei os primeiros cinquenta minutos com o sono, estava achando o filme arrastado e sem ritmo - mas, lá pelas tantas, a obra engrenou e consegui enveredar pela ideia e pela proposta de aventura quase infantil e chegar ao filme bastante envolvida pela história. Algumas passagens do filme são deliciosas, como a luta contra os piratas, a chegada às Ilhas Ping e o encontro com o tubarão-jaguar - tudo parece uma grande brincadeira de criança, com soluções dignas da imaginação de um menino de "onze anos e meio" (citação à obra). Até os detalhes - como Cody, o cão de três pernas, e os animais produzidos em "stop-motion" de massinha (claymation) - nos remetem ao universo do imaginário infantil. Quanto à parte técnica, destaque para o navio cenográfico, cheio de escadas e compartimentos - muito legal!!!! O elenco, como todos os filmes de Wes Anderson, é repleto de nomes famosos - além de um ótimo Bill Murray como o dramático e não muito ético Zissou, temos Jeff Goldblum como um cientista rival, Willem Dafoe como membro da equipe e até mesmo o Seu Jorge como Pelé dos Santos, com direito a muita canja das músicas dele (e até um trecho da versão de "Starman" do David Bowie). As interpretações são todas meio propositalmente canastronas e exageradas, bem ao estilo do diretor. Ah, apesar de demorar para engrenar, o filme é bem divertido e acabou deixando vontade de quero mais. Gostei bastante. PS - A obra foi dedicada a ninguém menos que Jacques Coustou, provavelmente o ídolo de infância do diretor.
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