“Homo Argentum”, de Gáston Duprat e Mariano Cohn, 2025
- hikafigueiredo
- há 3 horas
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Filme do dia (137/2025) – “Homo Argentum”, de Gáston Duprat e Mariano Cohn, 2025 – Através de dezesseis mini histórias, o filme traça um breve panorama da sociedade argentina, todas protagonizadas pelo ator Guillermo Francella.

O filme, na verdade, é um agregado de diferentes historietas, as quais fazem críticas, por vezes bem contundentes, à sociedade e ao povo argentinos. Ainda que recorram constantemente ao humor, as diferentes narrativas alfinetam o local mais sensível dos argentinos: o orgulho. Sabe aquelas críticas que só são permitidas serem feitas por compatriotas, caso contrário se torna uma ofensa sem precedentes? Então, é bem esse o caso. Através das pequenas histórias – algumas com menos de cinco minutos de duração -, os diretores moldam uma imagem pitoresca e nem sempre positiva do argentino médio. Claro que, por serem muitas histórias, o resultado é bastante irregular – temos ótimas narrativas e outras que já não funcionam tão bem, mas, juntas, acabam por compor um panorama bem diversificado da sociedade argentina. Aliás, muito do que está ali poderia ser, tranquilamente, estendido para nossa sociedade brasileira, pois se percebe que, talvez, não sejamos tão diferentes dos nossos “hermanos” argentinos. Assim, temos trechos onde o caráter e a responsabilidade dos personagens são colocados à prova, outros na qual a crítica recai sobre a família e a criação dos filhos; temos histórias que demonstram que os argentinos podem ser desonestos, egoístas, arrogantes e materialistas, e, em outras, ingênuos e generosos; temos uma narrativa a qual foca no amor argentino pelo futebol, e outra que ressalta o afeto sincero dos argentinos por seus amigos; claro que tem um espaço para a desastrosa política do país, para a evasão de jovens para outros países em busca de melhores oportunidades na vida e para a idealização da Europa. Enfim, o que temos é um complexo quebra-cabeça acerca do que faz a sociedade argentina ser o que é. Em comum a todas as histórias, a presença magnética do ótimo e versátil Guillermo Francella – é incrível como ele muda de um personagem para outro, todos absolutamente diferentes entre si! No geral, as histórias são satíricas e divertidas, mas há algumas bastante melancólicas e até mesmo incômodas em meio a elas. Eu, que fui meio arrastada por uma amiga, acabei me divertindo mais do que eu supunha a princípio. Não é um filme que vai mudar a sua vida ou que vai ser lembrado para sempre (como o também argentino “Relatos Selvagens”, 2014, que eu simplesmente adoro!), mas é uma obra que tem lá seu valor e que vale a pena a visita. Atualmente nos cinemas.



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