“Meia-noite no Jardim do Bem e do Mal”, de Clint Eastwood, 1997
- hikafigueiredo
- há 45 minutos
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Filme do dia (135/2025) – “Meia-noite no Jardim do Bem e do Mal”, de Clint Eastwood, 1997 – Savannah, Georgia, EUA, 1981. O milionário Jim Williams (Kevin Spacey) mata, a tiros, o jovem Billy Hanson (Jude Law), em seu próprio escritório. O escritor John Kelso (John Cusack) assume a tarefa de escrever sobre o acontecido, enquanto Jim vai a júri e tenta provar sua inocência, alegando legítima defesa.

Baseado no livro homônimo, de John Berendt, que, por sua vez, baseou-se na história real ocorrida na cidade estadunidense de Savannah, no estado da Geórgia, o filme tem, por objeto, o assassinato perpetrado pelo milionário e negociante de antiguidades Jim Williams contra um jovem gigolô local, de nome Danny Hansford (aqui sob o nome Billy Hanson) e o julgamento resultante do crime. O autor do livro entrevistou centenas de pessoas, inclusive o próprio Williams, para dar forma ao seu livro, mas, no filme, muito do conteúdo da obra literária é condensado, perdendo boa parte dos detalhes. Isso não impede que personagens curiosos e excêntricos, que retratam cidadãos reais de Savannah (muitos dos quais tiveram seus nomes alterados no livro para preservar suas identidades), não marquem sua presença no filme. A narrativa tenta ser fiel ao livro, mas, aparentemente, não teve muito sucesso, tendo sido, inclusive, bastante criticada pelo escritor. A história inclui escândalos sexuais da alta sociedade de Savannah, fofocas, conchavos e, até mesmo, rituais de vudu, prática corriqueira naquelas paragens. O cerne do filme está no julgamento de Jim Williams (na verdade foram quatro julgamentos, três dos quais anulados e somente o último válido, mas o filme condensa tudo em um único julgamento) e no trabalho de seus advogados – e do próprio escritor, que no filme ganha o nome John Kelso – para comprovar a inocência de Williams, o qual alegou legítima defesa. Como eu não li o livro, não tenho como julgar sua fidelidade à obra literária, mas, como filme, ele é um pouco lento e mesmo uma importante revelação que é apresentada, não modifica o ritmo arrastado da narrativa. Diferente de outros filmes do diretor, nos quais as histórias são contadas com uma sensibilidade tocante e envolvente, aqui parece faltar alma, a narrativa segue lenta, decidida e impassível seu caminho, esquecendo-se de cativar o espectador, que parece observar, de longe, os desdobramentos da história. Nem a pitoresca cidade de Savannah, marcada pela presença quase surreal de seus moradores extravagantes, ganham vida no filme, permanecendo como um mero detalhe no decorrer da narrativa. Assim, personagens como Minerva, Lady Chablis ou Luther Driggers perdem-se totalmente na história, um verdadeiro desperdício. Até o elenco, de qualidade indiscutível, parece distante de tudo. Kevin Spacey, que a despeito de qualquer coisa é um ator excepcional, não encontrou o tom e interpreta um Jim Williams insosso e sem carisma; John Cusack também apresenta uma interpretação protocolar, no melhor esquema de “cumprir tabela”; Jude Law está um horror como Billy Hanson – sua presença rude e caricata não ajuda a criar qualquer empatia pela vítima, desconfio que qualquer um iria querer dar uns tiros nesse insuportável; a única exceção é Chablis Deveau, uma mulher transgênero que interpreta a si mesma no filme, como Lady Chablis – sua participação é marcante e carismática e é responsável pelos melhores momentos da obra. Sinceramente? Filme bem fraco e sem apelo, não gostei nem recomendo. Segundo o Justwatch, o filme está disponível para streaming no HBO Max.



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