Filme do dia (186/2017) - "Accattone - Desajuste Social", de Pier Paolo Pasolini, 1961 - Após a prisão da prostituta Madalena (Silvana Corsini), seu cafetão Vittorio (Franco Citti) cai na miséria e precisa procurar uma nova forma de sobrevivência. Ele conhece a ingênua Stella (Franca Pasut), apaixona-se por ela, mas não consegue se livrar de antigos hábitos.
A obra de estréia na direção de Pasolini retrata o submundo de Roma, habitado por prostitutas, cafetões, ladrões, assassinos e malandros de todas as espécies. Apesar de não ser o foco do filme, o que mais me chamou a atenção na narrativa foi a extrema violência praticada contra as mulheres, as quais são exploradas sexualmente e financeiramente, agredidas, ofendidas, usadas e abandonadas. Vittorio é, possivelmente, um dos personagens mais odiosos que me lembro de ter visto em um filme - um poço de machismo, misoginia e mau caratismo. As mulheres, por sua vez, são retratadas como vítimas eternas - apaixonadas por seus homens, submetem-se a tudo e só conseguem se livrar dos "trastes" quando defendidas por algum outro homem; em suma, são mostradas como verdadeiras incapazes. Claro que existe, aí, uma crítica social forte, o que não poderia deixar de ser, considerando o conhecido anti-capitalismo do diretor. O filme conta, ainda, com uma fotografia P&B interessante e uma trilha sonora com obras de Bach. Destaque para a bela Franca Pasut como a jovem, tímida e ingênua Stella (detalhe - como os padrões sociais estéticos mudaram desde aquela época... hoje em dia, Franca Pasut seria criticada por suas formas arredondadas e "abastadas"...). Boa obra, recomendo.
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