Filme do dia (375/2020) - "Advogado do Diabo", de Taylor Hackford, 1997 - Kevin Lomax (Keanu Reeves) é um jovem e brilhante advogado criminalista que, subitamente, é convidado a trabalhar em um gigantesco escritório em Nova York, comandado por John Milton (Al Pacino), o que trará consequências terríveis à sua vida e à de sua esposa Mary Ann (Charlize Teron).
Baseado no romance homônimo de Andrew Neiderman, o filme é um delicioso thriller de terror que praticamente brinca com a ideia de que advogados são seres malignos, levando essa máxima ao pé da letra. A obra começa como um simples filme de tribunal, mas, paulatinamente, vai ganhando contornos de drama e suspense até desaguar definitivamente no gênero de terror. E o mal, aqui, é sedutor, traz uma aparência de agradável sofisticação e apoia-se em um profundo sentimento de satisfação pessoal daqueles que são seduzidos. O roteiro é muito amarrado, não deixa pontas soltas e mesmo o desfecho, que pode soar dispensável, traz uma sugestão de inevitabilidade que subverte, completamente, a ideia de livre-arbítrio - lá vou eu revelando mais do que deveria. A obra inicia com um ritmo mais vagaroso - ainda que, logo a primeira cena, já traga um importante elemento de tensão - e ganha agilidade ao longo da narrativa. O suspense impera, com a tensão aumentando a cada cena. Mas nada no filme ganha do monólogo final do personagem Milton, interpretado por ninguém menos que Al Pacino - ele eleva a obra a um outro patamar, e o que seria um mero filme de terror, traz opiniões bastante contundentes sobre a natureza humana. A direção de arte traz ambientes refinados, sempre muito amplos, com destaque para o apartamento de Milton - o que é aquela escultura na parede? Muito bacana!!! Temos, ao longo da obra, alguns poucos efeitos especiais, mas bastante bem feitos, ainda mais se considerarmos a idade do filme. No elenco, Keanu Reeves como o jovem advogado - ele está bem, mas, na minha opinião, falta-lhe certa centelha de maldade que o personagem merecia (talvez por saber que o ator é, na vida real, um camarada todo fofo, eu não consiga relacioná-lo com alguém que deveria ter, em si, uma malícia latente); Charlize Teron, em início de carreira, está ótima e sua transformação ao longo da trama é muito bem feita; e temos, Al Pacino, completamente tomado pelo papel, numa amálgama perfeita de simpatia, sedução e maldade em estado bruto, o mais puro cristal de perversão e iniquidade: em outras palavras, ele está absolutamente incrível como John Milton e, sozinho, já vale o filme com sobra. A obra é excelente, vale cada minutos dos 144 de duração. Recomendo demais (e atesto que não envelheceu nada, pode ver sem medo).
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