Filme do dia (307/2021) - "Amor de Vampiros", de Mario Caiano, 1965 - Final do século XIX. O casal de amantes Muriel (Barbara Steele) e David (Rik Battaglia) é sadicamente torturado e assassinado pelo marido ultrajado, Dr. Stephen Arrowsmith (Paul Muller). Antes de morrer, no entanto, Muriel avisa ao esposo que nada destruirá seu ódio por ele, nem mesmo a morte.

Continuando minha incursão pelo terror gótico italiano, defronto-me com essa obra, a que, até o momento, mais me agradou. O argumento inicial é promissor - um casal de amantes, morto após execráveis torturas, busca vingança além túmulo. O roteiro que se segue, entretanto, peca, mais uma vez, pelo excesso de elementos e informações - mas alguém me diz porquê cargas d'água os roteiristas daquele nicho de filmes cismavam em enfiar tantos caminhos alternativos, poluindo uma ideia inicial que, por si só, já seria suficiente para construir uma narrativa completa e estimulante? Aqui, ao menos, a essência não se perde e mesmo com um roteiro um pouco eivado de informações sobressalentes, a história mantém sua integridade. Após matar, com requintes de crueldade, sua esposa e o amante, o Dr. Arrowsmith contrai núpcias com sua cunhada Jenny, uma bela jovem, idêntica à irmã, mas com certa fragilidade psicológica. Intentando internar a nova esposa para, assim, herdar a fortuna da família, o Dr. Arrowsmith busca minar, de diversas formas, o já frágil psicológico da companheira, sem perceber que algo muito mais sombrio está por detrás dos pesadelos e alucinações de Jenny. Como de praxe no gênero, o filme explora extremamente bem a atmosfera soturna da história e do ambiente, proporcionando, ao espectador, uma sólida sensação de tensão. O ritmo é bem moderado, mas constante. A fotografia P&B é contrastadíssima. A ambientação e os figurinos de época mostraram-se bastante esmerados. A trilha sonora, discreta, mas bem adequada, é de ninguém menos que Enio Morricone. Claro que não poderia faltar a musa Barbara Steele, mais uma vez em papel duplo como Muriel e Jenny - a atriz surpreende aqui, criando características bem diferenciadas para cada irmã; enquanto Muriel é arrojada, cínica, cheia de ódio, Jenny mostra-se frágil, confusa e doce. Amei o visual "Mortícia Adams" dispensado à personagem Muriel (aliás, todo o arco inicial do filme é muito bem costurado, abrindo o filme de maneira muito positiva). Se Barbara Steele mostra seu valor interpretativo, Paul Muller não me convenceu como o Dr. Arrowsmith - o personagem é pouco consistente, não tem espessura e o ator me soou caricato e cheio de "caretas"; Helga Liné interpreta Solange - gostei do trabalho da atriz como a desleal governanta, mas sua maquiagem no início da narrativa estava sofrível; o elenco ainda tem Rik Battaglia como David e Marino Masé como Dr. Dereck. Olha... o filme me envolveu bastante e achei o resultado muito satisfatório. Não vou dizer que não tem uns furinhos meio "nhé" no roteiro, mas não decepcionou. Até agora, é o predileto do box. PS - Os títulos traduzidos de TODOS os filmes até aqui foram HORROROSOS!!!!! PS2 - O diretor Mario Caiano possuía um sem fim de heterônimos e aqui ele assinou como Allan Grunewald.
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