"Animais Noturnos", de Tom Ford, 2016
- hikafigueiredo
- 8 de set. de 2019
- 2 min de leitura
Filme do dia (210/2017) - "Animais Noturnos", de Tom Ford, 2016 - Susan (Amy Adams) é uma galerista de arte rica, sofisticada e infeliz. Vivendo um casamento frio e de aparências, em franca decadência financeira e envolta por relações de interesse, Susan, um dia, recebe o primeiro exemplar do livro escrito por seu ex-marido Edward (Jake Gyllenhaal). A leitura do exemplar, aliada às suas lembranças relacionadas ao antigo casamento, mexerão com as emoções e sentimentos de Susan.

Na época do lançamento deste filme, percebi uma polarização de opiniões - houve quem adorasse e houve quem detestasse. Não consegui compreender a motivação dos últimos. Até entendo não gostar, afinal gosto é pessoal e tals. Mas... detestar???? A obra - que eu admito que adorei - é suficientemente bem estruturada e bem feita para, no mínimo, ser "okay". Pelas opiniões da época, esperava um filme meio desordenado, com alguma complexidade de interpretação e, qual não foi minha surpresa ao assistir a obra e perceber que ela é simples e cristalina como água mineral. A história intercala três tempos - o presente, o passado e o tempo ficcional do livro. Apesar de, falando, isso parecer um pouco confuso, na realidade os tempos são muito bem marcados e separados e não permitem qualquer dúvida quanto a que "bloco" pertence cada cena. Os diferentes momentos, por sua vez, dialogam entre si, sendo possível correlacioná-los - todos expõe a culpa e a fraqueza de seus agentes e culminam em diferentes tipos de respostas que levam a algum tipo de "vingança" (explícita ou não). Certo é que o filme é bem desencadeado e, ao menos em mim, despertou sentimentos bem explícitos de angústia e raiva (das situações em si, não do filme rs). As diferentes crises vividas pelos diversos personagens são bem trabalhadas e apresentam diferentes estratos , eu achei uma leitura bem rica (não posso ir muito além disso para não dar spoiler e tirar a graça de quem ainda não o assistiu). A obra, ainda, é esteticamente belíssima - de um lado , temos a sofisticação e frieza da vida real de Susan (sua residência, a galeria, os restaurantes que frequenta, a sala de reuniões - tudo é amplo, frio, com uma aparência estéril e hospitalar, tais como suas relações), de outro, a rusticidade do ambiente da história fictícia (o deserto, quente, hostil, exatamente como as relações tensas desenvolvidas naquela narrativa). A paleta de cores é bem definida, tons frios, azuis, no primeiro ambiente; tons quentes, vermelhos e amarelos no segundo. O primeiro, representando Susan, sua futilidade, seu materialismo, sua frieza; o segundo representando Edward, sua paixão, sua autenticidade. Ó... já tô divagando e indo além do que deveria... rs. Quanto às interpretações, vamos combinar: onde tem Jake Gyllenhaal, Amy Adams e Michael Shannon simplesmente não tem como não ser bom!!!!! Os três dispensam apresentações, são incríveis (e eu amo o Jake, amo!!!!), mas, quem se destaca é Michael Shannon no papel do investigador Bobby Andes - maravilhoso - e a rápida participação de Laura Linney como a mãe de Susan - perfeita!!!! Olha, "tô" nem aí que um bando de gente detestou. Eu adorei, o filme me prendeu do primeiro ao último minuto e eu achei o desfecho perfeito, não existiria outro possível. A quem não curtiu, "so sorry" ... eu amei e recomendo. Muito.
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