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"As Bruxas de Salem", de Nicholas Hytner, 1996

  • hikafigueiredo
  • 9 de jan. de 2021
  • 2 min de leitura

Filme do dia (23/2021) - "As Bruxas de Salem", de Nicholas Hytner, 1996 - 1692, Salem, Nova Inglaterra. Um grupo de garotas, liderado pela jovem Abigail Williams (Winona Ryder), é surpreendido pelo reverendo local durante um ritual pagão no meio da floresta. Acusadas de bruxaria, elas alegam que forma vítimas das verdadeiras bruxas e começam a fazer uma série de acusações vazias contra diversas pessoas da cidade. Dentre estas pessoas, encontra-se Elizabeth Proctor (Joan Allen), esposa de John Proctor (Daniel Day-Lewis), homem por quem Abigail estava apaixonada.





Adaptação da peça teatral homônima de Arthur Miller, por sua vez inspirado em um evento histórico, o filme expõe os absurdos dos tribunais religiosos que julgavam e condenavam pessoas à morte com base em depoimentos eivados de mentiras e falsas acusações. As meninas do filme, numa nítida intenção de afastar de si próprias sérias acusações de bruxaria, passam a acusar falsa e aleatoriamente outros habitantes da cidade, aproveitando o ensejo para afastar de seus caminhos os mais diversos desafetos. Com uma sanha sanguinária e perversa, as garotas agiam em bloco, tornando suas acusações mais críveis. Poucas vezes vi uma personagem com mais má índole do que a personagem Abigail, que, de moça apaixonada e enciumada pela presença de uma incômoda esposa em seu caminho, torna-se um poço de inveja e maledicência, cuja ação egoísta, mesquinha e covarde acabou por condenar à morte dezenove inocentes, além de arrastar na lama o nome de inúmeros concidadãos igualmente inocentes. E mais uma vez as religiões são responsáveis por mentiras, humilhações e mortes, como em tantas outras ocasiões ao longo da história. O filme retrata toda a kafkiana situação vivida pelos acusados de ter de se defender de acusações movidas pelos mais torpes sentimentos e intenções de um grupo de meninas irresponsáveis e cruéis - e faz isso muito bem. A ambientação da obra, perfeita, leva o espectador a uma viagem ao passado, viagem, esta, angustiante e claustrofóbica. Impossível não sentir a indignação pela injustiça e o ódio pelas garotas. O texto, ótimo, é reforçado por interpretações absurdas de convincentes - Daniel Day-Lewis como John Proctor, eternamente gigante, transita entre a certeza de sua inocência e a culpa de ter arrastado muitos para um calvário que era só seu; Winona Ryder - que, sinto muito, nunca será tão profunda quanto Lewis - tem uma interpretação razoável como Abigail (a personagem é suficientemente odiosa para despertar a indignação do espectador, nem precisa de grande interpretação); mas é Joan Allen quem realmente sobressai no filme como a traída e injustiçada Elizabeth que, por suas únicas virtudes, mantém-se firme em suas posturas éticas - a atriz foi indicada ao Oscar e ao Globo de Ouro de Atriz Coadjuvante pelo papel, e ainda pelo Critics Choice Award na mesma categoria, tendo sido agraciada pelo último; igualmente incrível foi a atuação de Paul Scofield como o juiz do caso, motivo que o levou a receber o Prêmio BAFTA de Ator Coadjuvante pelo papel. Prepare seu fígado para se contorcer de indignação. Eu adoro esse texto e, consequentemente, gosto demais do filme também. Recomendo com gosto.

 
 
 

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