“As Delícias do Jardim”, de Fernando Colomo, 2025
- hikafigueiredo
- há 11 minutos
- 2 min de leitura
Filme do dia (105/2025) – “As Delícias do Jardim”, de Fernando Colomo, 2025 – Férmin (Fernando Colomo) é um artista plástico que vem enfrentando uma crise profissional – suas mãos não têm mais a firmeza necessária para pintar e sua situação financeira agrava-se gradualmente. Sua ex-esposa e galerista Pepa (Carmen Machi) lhe convence a entrar em um concurso que escolherá obras inspiradas na tela “O Jardim das Delícias”, de Hieronymus Bosch, e, para tanto, Férmin precisará da ajuda de seu filho, o também pintor Pablo (Pablo Colomo).

Essa gostosa comédia espanhola trabalha em diversas frentes: sempre com humor, ela discorre sobre relacionamentos familiares, busca por relações amorosas, o envelhecimento, a arte e o processo criativo. A história foca em Férmin, um pintor mais velho que começa a ter dificuldades em pintar seus quadros por não ter mais a mesma firmeza nas mãos. Ele esconde o problema de Pepa, sua ex-esposa e galerista, e passa a criar pinturas abstratas sob a desculpa de estar numa fase mais “Pollock”. Ocorre que suas vendas caíram drasticamente e ele precisa alavancar sua carreira. Ele é convencido a entrar em um concurso e fazer uma releitura do quadro “O Jardim das Delícias”, de Bosch, motivo pelo qual pede ajuda ao seu filho Pablo, um artista plástico iniciante, cuja atenção está voltada para as garotas e, juntos, buscam criar a obra ideal. A narrativa vai mostrar a interação familiar de Férmin, Pablo e Pepa, as desventuras de Pablo no Tinder e, principalmente, brincar com a concepção do que é arte, como uma obra é avaliada no mercado artístico e como se dá todo o processo criativo. Além disso, a obra discorre muito sobre a Espanha, sua cultura e sua arte, não escondendo o célebre orgulho espanhol. Destaque para a cena da pretendente argentina, para a visita ao Museu do Prado sob efeitos de drogas, para a cena da faxineira e a que acontece imediatamente após o concurso. A narrativa é fluida e ritmada, e, atmosfera, leve e divertida. Gostei do personagem Férmin, ele traz certa ingenuidade que me encantou. O protagonista é interpretado pelo próprio diretor Fernando Colomo, ótimo no personagem; o filho Pablo é interpretado por Pablo Colomo, que acredito seja realmente filho do diretor; Carmen Machi interpreta Pepa – a única personagem que tem algum pé no chão na história. É um filme bonitinho e agradável – gostei de ver, mas não tem nada de muito excepcional. Vigésimo filme visto na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.



Comentários