Filme do dia (120/2020) - "As Virgens de Salem", de Raymond Rouleau, 1957 - Nova Inglaterra, 1692. Na pequena cidade de Salem, o fazendeiro John Proctor (Yves Montand) trai sua esposa Elisabeth (Simone Signoret), por duas vezes, com Abigail (Mylene Demongeot), sua jovem serva de 17 anos. Apaixonada por John e inconformada por ter sido rejeitada por ele, Abigail resolve se vingar, acusando Elisabeth de bruxaria em um tribunal de inquisição.
Baseado em um fato real, adaptação da peça "As Bruxas de Salem" de Arthur Miller e com roteiro de ninguém menos que Jean-Paul Sartre, o filme abandona a questão das torturas promovidas pela inquisição e foca na delação motivada por sentimentos pessoais e vingança. Discorre, ainda, sobre o fanatismo religioso e sobre a histeria coletiva que assola um grupo de meninas na cidade, liderado pela personagem Abigail. Aqui, ainda, novamente vemos como a elite se comporta como se estivesse acima do bem e do mal, ignorando a realidade dos mais humildes. A obra me despertou, mais do que indignação pela injustiça, raiva da personagem Abigail que, por não ter o objeto de seu desejo, vinga-se de maneira cruel e deliberada, o velho "se você não for meu, não será de ninguém". O filme é muito bem dirigido, mas o forte dele são os diálogos - afinal, são de Jean-Paul Sarte! - e as interpretações. Ainda que Yves Montand esteja muito bem, quem brilha são as mulheres - Simone Signoret está fantástica como a contida e virtuosa Elisabeth: ela nunca, nunca, desce do salto e, ainda que esteja desesperada, contém suas palavras e ações, mantendo sua superioridade moral em relação aos demais. Já Mylene Demongeot interpreta a sórdida Abigail: invejosa, vingativa e perversa, dá vontade de arrancar seu risinho debochado e cínico à base de muita porrada. O filme é bem bacana, prendeu poderosamente a minha atenção e, até agora, é, para mim, o melhor do box da Versátil. Filmaço. Recomendo.
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