- hikafigueiredo
"Ascensor para o Cadafalso", de Louis Malle, 1958
Filme do dia (342/2021) - "Ascensor para o Cadafalso", de Louis Malle, 1958 - Os amantes Florence (Jeanne Moreau) e Julien (Maurice Ronet) decidem assassinar o marido de Florence, um importante e rico homem de negócios, de forma a parecer um suicídio. Após concluir seu plano, no entanto, Julien fica preso no elevador da empresa e Florence perde o contato com o amante, arriscando, assim, toda a empreitada.

Tendo sido realizada antes dos primeiros filmes do movimento Nouvelle Vague e, possivelmente, antes mesmo deste termo ter sido cunhado, a obra trata-se de um suspense com um pé no filme noir muito bem engendrado. A história gira em torno do casal de amantes Florence e Julien que decide assassinar o marido rico de Florence de forma a parecer um suicídio. Apesar de pensarem em todos os detalhes, o casal não prevê que Julien ficará preso no elevador da empresa pouco depois de assassinar a vítima. Sem saber o paradeiro de Julien, Florence sai ao encalço do amante e acaba abrindo brechas para que o plano seja descoberto. O roteiro se desenvolve de forma a criar e aprofundar, a cada minuto, a atmosfera de tensão e o fato do personagem Julien estar preso no elevador acaba por promover certa sensação de claustrofobia no espectador. A narrativa é linear, em um ritmo marcado, mais marcado do que a média dos filmes franceses daquele período. A linguagem cinematográfica utilizada é convencional e não envereda por caminhos ousados e vanguardistas. Tecnicamente, o filme é extremamente bem feito. A fotografia P&B é contrastada, mas não em excesso, como em alguns filmes noir que já vi por aí. Um dos grandes trunfos do filme é sua trilha sonora, assinada por ninguém menos que o jazzista Miles Davis - nem precisa dizer que é maravilhosa. Outro ponto alto da obra é seu elenco, encabeçado pela musa Jeanne Moreau, perfeita como a transtornada esposa que, sem notícias do amante, vaga, desesperada, por Paris, atrás de pistas de seu amor, enquanto cria os piores "filmes" em sua mente - é chover no molhado, mas ela está magnífica; no papel de Julien, Maurice Ronet, também bastante bem no papel, mas com visibilidade infinitamente menor que a de Moreau; o elenco é completado por Georges Poujouly, Yori Bertin, Lino Ventura e Jean Wall. O filme é um suspense muito bom, de qualidade indiscutível e tem uma ótima sacada em seu desfecho. Eu gostei bastante e recomendo com carinho.