- hikafigueiredo
"Austin Powers - Um Agente Nada Discreto", de Jay Roach, 1997
Filme do dia (298/2021) - "Austin Powers - Um Agente Nada Discreto", de Jay Roach, 1997 - Reino Unido, 1967. Austin Powers (Mike Myers) é um célebre agente do governo, desejado pelas mulheres e invejado pelos homens. Quando seu arqui-inimigo Dr. Evil (Mike Myers) criogeniza-se para se lançar ao futuro, Powers concorda em também ser congelado para, quando necessário, retornar para lutar contra o malfeitor. Trinta anos depois, é chegado o momento...

Tendo me proposto a escrever sobre todos os filmes da minha coleção, deparo-me com essa verdadeira pérola do besteirol, cuja presença na minha filmoteca eu jamais tinha sequer notado. A obra é uma paródia dos filmes de agentes secretos, mais especificamente, das histórias de James Bond, bem como de toda a cultura popular da década de 60. Com roteiro escrito pelo próprio Mike Myers, temos, de um lado, um humor pautado em explorar as características da cultura daqueles idos - assim, extrai-se comicidade dos ideais de liberdade, do amor livre, do consumo de drogas alucinógenas, da moda, das gírias, tudo que remeta aos psicodélicos anos sessenta/setenta; por outro lado, como era de se esperar considerando o roteirista, também temos um quinhão de piadas chulas, sexistas, preconceituosas em vários níveis, dignas de serem criadas por um pré-adolescente da quinta série. Não vou mentir que não dei risada com algumas piadas do primeiro bloco, mas, sinceramente, piadas escatológicas e machistas não me arrancam nem um sorriso de esguelha. A história brinca, o tempo todo, com a extemporaneidade dos personagens Powers e Dr. Evil - o mundo é muito diferente daquilo que eles conheceram no passado e eles têm dificuldade em se adaptar à nova realidade; além disso, há uma ridicularização da imagem de super espião a la 007 - Powers não só não é um agente secreto, como era, a seu tempo, uma celebridade, além de parecer completamente inadequado na sociedade dos anos 90. Também o vilão Dr. Evil é objeto de chacota por n+1 motivos. Lógico que tudo, no filme, é puro besteirol e é preciso gostar deste tipo de humor para se envolver com a história. Algo que eu realmente gostei na obra foi toda a referência ao final dos anos 60 - adorei os figurinos, as danças e até o vocabulário bizarro utilizado por Powers. A trilha sonora é um fator à parte - óóóóóótima, cheia de músicas da época, inclusive a famosa "Mas Que Nada", de Sérgio Mendes (você pode não saber o nome dela, mas conhece, eu garanto). A direção de arte de época é impecável, coloridíssima e explora toda a criatividade da época. Vendo a obra, deu para perceber que Mike Myers é muito bem relacionado e querido no meio artístico, porque, além do elenco principal, não faltam nomes famosos em pontas minúsculas, aparentemente só mesmo pela diversão de estar no filme. Assim, em papel duplo temos o próprio Mike Myers num belo trabalho de auto deboche - tanto Powers quanto Dr. Evil são bem ridículos e é bem fácil rir de quase tudo deles; como improvável par romântico do personagem Powers temos a srta. Kensington, interpretada pela lindíssima Elizabeth Hurley (que, na minha opinião, também adora um deboche, vide sua presença no sensacional "Endiabrado", 2000); no elenco de apoio e figuração, temos um desfile de nomes famosos: Michael York, Robert Wagner, Seth Green, Will Ferrell, Mimi Rogers, Tom Arnold, Priscilla Presley, Robe Lowe, Carrie Fisher, Christian Slater, e até mesmo Burt Bacharach interpretando a si mesmo. O filme é besta, mas tem várias partes engraçadas, além de ter criado alguns "bordões" icônicos que ficaram (como o dedinho levantado do Dr. Evil). Claaaaro que o sucesso da obra fez com que viessem sequências, virando uma série de filmes. Tenho certeza que o personagem Powers trouxe algum impacto na antiga imagem de James Bond rs. Eu jamais havia visto o filme, mas acho que sou exceção... em todo caso, quem nunca viu e quer um humor bem pateta, be my guest.