Filme do dia (128/2017) - "Baran", de Majid Majidi, 2001 - Durante a invasão russa ao Afeganistão, milhares de afegãos fugiram para os países próximos. No Irã, os refugiados afegãos, sem documentos, acabavam tendo de trabalhar irregularmente na construção civil, ganhando menos e com menos direitos que os trabalhadores iranianos, turcos e curdos. Lateef (Hossein Abedini) trabalha em uma obra como cozinheiro. Após um afegão se ferir e ter de ser afastado, Lateef é substituído na função por Ahmet, filho do afegão ferido, causando verdadeira revolta no rapaz. No entanto, a descoberta de um segredo de Ahmet , fará com que Lateef veja a nova situação com um outro olhar.
Drama leve e sensível, a história toda é retratada pelos olhos do personagem Lateef e trata mais das emoções deste do que propriamente da realidade dos refugiados afegãos no Irã, que está mais para pano de fundo. Como em quase todo filme iraniano, muita coisa é deixada implícita, é sugerida, nada é muito escancarado (diferentemente do cinema norte-americano, que tem uma irritante mania de explicar tudinho bem didaticamente). O ritmo é bem lento e tem um desfecho que pode desagradar aquele espectador mais "romântico", que espera que tudo termine de forma ideal. Hossein Abedini não é um ator excepcional, mas consegue fazer um Lateef com um misto de impulsividade e doçura que é impossível não simpatizar com o personagem e ficar com vontade de abraçá-lo. É, em suma, uma obra bonitinha, doce, que me deixou alegrinha de rever (eu já havia visto há muitos anos, mas como não me lembrava de absolutamente nada, resolvi assisti-lo de novo). Mas, apesar disso, não recomendo geral - é bom curtir cinema mais alternativo, lento, com uma pegada diferente do cinema americano, caso contrário não vai gostar...
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