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"Batman", de Tim Burton, 1989

hikafigueiredo

Filme do dia (344/2021) - "Batman", de Tim Burton, 1989 - Após presenciar o brutal assassinato de seus pais, o pequeno Bruce Wayne cresce e tona-se um milionário. Adulto, cria uma identidade secreta para lutar contra o crime.





Continuando a tarefa de assistir e escrever sobre todos os filmes da coleção, chego aos primórdios dos filmes de super-heróis, nesta primeira obra sobre o personagem Batman. Até pela antiguidade da produção, evidente que ela é por demais diferente dos autuais filmes do gênero e tenho de dizer que reassistir a este filme foi quase doloroso. A história adentra pelo mais óbvio do personagem - o testemunho, ainda criança, da morte de seus pais, transformam Bruce Wayne em um justiceiro mascarado e seu primeiro arqui-inimigo é o mais famoso vilão a ele relacionado, o Coringa. A direção, assinada por Tim Burton, trouxe certa peculiaridade ao filme - fazer de Batman o típico personagem de um filme de Tim Burton. Explico melhor o que eu quis dizer: o diretor sempre teve preferência por histórias e temas sombrios. Ocorre que seu olhar para estes temas sempre foi marcado por certa leveza e humor - o assunto tratado pode ser macabro, mas há, invariavelmente, uma aura de comicidade em torno. E não foi diferente com o filme "Batman". Aqui o personagem tem tiradas bem humoradas, a ambientação é leve e sobra até romantismo em cena com a presença da personagem Vick Vale. Okay, não temos taaaanta comicidade como no "Batman" de Adam West, na série para televisão da década de 60, mas estamos, também, a anos-luz do personagem verdadeiramente sombrio de "Cavaleiro das Trevas". Eu, particularmente, não gosto desta versão. Eu sou da opinião que o personagem Batman tem que ser aquela alma transtornada, pesada, a um passo da psicopatia, e não o bobo-alegre criado por Tim Burton. E não é só a construção do personagem e da atmosfera que, para mim, tem problemas - eu acho quase tudo equivocado... A ambientação, como o personagem, é menos soturna do que deveria, seguindo aquele mesmo esquema de "sombrio-pero-no-mucho" do diretor. Além disso, sinto tudo muito datado no filme - do visual dos personagens à trilha sonora, tudo exala anos 80. Mas essa é uma visão dos anos 2020... na época, o filme fez sucesso, tanto de público quanto de crítica, tanto que foi agraciado com o Oscar Melhor Direção de Arte (1990). O roteiro, por sua vez, tem uns detalhes e umas soluções no mínimo esdrúxulas - como um Bruce Wayne que precisa de óculos (mas o Batman não precisa...) ou o jato que é abatido por uma bala de revólver (!!!!), dentre outros. E chegamos à questão mais controversa do filme (inclusive na época) - a escolha de elenco. Embora ninguém tenha reclamado da escolha do Coringa, que ficou a cargo de Jack Nicholson, absolutamente ninguém apoiou a escolha de Michael Keaton como Batman. Ainda que eu concorde que faltou "peso" ao protagonista, eu acho que isso se deveu mais à direção de atores do que propriamente à interpretação de Keaton. Eu acho que o ator tem um olhar bem penetrante, uma certa cara de maluco, e poderia, sim, ter sido um Batman bem melhor, não fosse o estilo "leve" de Burton. De qualquer forma, dentre os três atores que vivenciaram o personagem nesta primeira sequência de filmes (quais sejam, Michael Keaton, Val Kilmer e George Clooney), eu acho que Keaton foi definitivamente o melhorzinho. Quanto a Jack Nicholson como Coringa, ele também sofreu com a "leveza" do diretor e embora tenha entregue um personagem bem mais consistente, seu Coringa também tem um humor exagerado, principalmente se comparado aos Coringas posteriores, interpretados por Heath Ledger e Joaquin Phoenix. Diria que sua inspiração foi provavelmente o Coringa de Cesar Romero, da série televisiva. No papel de Vicky Vale uma bela, mas deslocada, Kim Basinger - nem sei o que dizer da personagem... como nunca acompanhei as HQs do Batman, não sei como ela deveria ser, mas sei que ela simplesmente não encaixa na atmosfera pesada do herói. Em suma... o filme foi um importante precursor dos filmes de super-heróis, teve seu momento, mas, para mim, ele ficou lá atrás, parado no tempo. Na época, eu vi no cinema e gostei bastante. Hoje, eu acho muito fraco, ainda mais se comparado aos filmes posteriores dirigidos por Christopher Nolan. Sei lá, eu acho que é mais para fãs mesmo...

 
 
 

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