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  • hikafigueiredo

"Beasts of No Nation", de Cary Fukunaga, 2015

Filme do dia (09/2019) - "Beasts of No Nation", de Cary Fukunaga, 2015 - Agu (Abraham Attah) é um menino africano que vive com sua família em uma zona de guerra. Com a aproximação do exército rebelde, sua mãe e irmãos menores fogem para um local seguro, ficando Agu, seu pai e seu irmão mais velho na antiga vila, zona de conflito. Indo parar nas mãos do exército rebelde, Agu é recrutado pelo Comandante (Idris Elba) para se tornar um soldado-menino.





Com anos de atraso (sim, eu sou resistente à Netflix), assisti a essa contundente obra que me tocou e angustiou como poucas. O filme retrata um pouco do drama de inúmeros países africanos sob conflitos armados entre diferentes facções rebeldes e exércitos, com suas populações espremidas entre os vários opositores e sofrendo toda a sorte de violências. O foco concentra-se na transformação do personagem Agu em um soldado-menino - nome dado aos garotos arrancados de suas famílias ou, ainda, órfãos, levados para as frentes de batalha e convertidos em verdadeiras máquinas de matar, sepultando, assim, sua infância, sua inocência e qualquer expectativa de futuro. A obra incomoda e choca, mas, como bom filme americano, estabelece limites para o incômodo (uma obra como "Vá e Veja", por exemplo, "estica" ao infinito este limite e aumenta à enésima potência a angústia criada no espectador). O ritmo é ágil e contínuo, quase não existem pausas de alívio de tensão. A qualidade técnica da obra é indiscutível, com destaque para a edição impecável. O talento do pequeno Abraham Attah é espantoso, a expressividade de seu olhar é assustadora, passando de olhos inocentes de uma criança para o olhar gélido de alguém sem futuro, sem esperanças e sem sentimentos. O mesmo podemos dizer de Emmanuel Nii Adom Quaye, o menino que interpreta Strika. Dispensável falar de Idris Elba (<3), sempre excepcional e, aqui, perfeito como o sanguinário Comandante. Grande filme, recomendo. PS - só sinto não ter sido discutido a origem da pulverização de grupos antagonistas na África, parecendo ser algo natural do continente e não algo relacionado à colonização europeia e à exploração capitalista do continente.

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