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hikafigueiredo

"Bent", de Sean Mathias, 1997

Filme do dia (252/2020) - "Bent", de Sean Mathias, 1997. Década de 1940, Alemanha. Max (Clive Owen) é um homossexual que é enviado ao campo de concentração de Dachau, após ver seu namorado ser duramente espancado e morto pelos soldados nazistas. No campo, ele suborna um guarda para receber uma estrela amarela - símbolo dos judeus - ao invés do triângulo rosa indicativo de homossexuais, e conhece Horst (Lothaire Bluteau), um gay orgulhoso de sua identidade.





Adaptação cinematográfica para a peça homônima de Martin Sherman, o filme discorre sobre a perseguição aos homossexuais durante o regime nazista de Hitler, tema pouco explorado quando se fala dos campos de concentração. A obra trata de amor e resistência, mas, principalmente, de identidade e de orgulho por ser quem se é. Através de Horst, Max entenderá que assumir sua identidade e sua orientação sexual é, antes de tudo, um ato de resistência e que ser homossexual não deveria ser motivo de vergonha. A obra é lindíssima e triste na mesma medida, exigindo boa dose de coragem para chegar ao fim. Ainda que tenha gostado demais, acho que o texto poderia ter sido melhor adaptado ao cinema - a gente consegue "ver" o texto sendo encenado no palco e, se era essa a intenção, não precisava ter sido feita uma versão para cinema, diacho! Não que o texto seja ruim - ah, não, de forma alguma! - mas é teatral em excesso, pedia uma "arredondada" para o cinema. A narrativa é linear, o ritmo é suave, para aliviar um pouco o tema pesadíssimo. A fotografia é majoritariamente fria, com tons cinza-azulados, aumentando a nossa melancolia, e os planos são bastante tradicionais, sem grandes ousadias. No elenco, Clive Owen surpreende como Max, entregando-se ao personagem e aos seus dilemas morais e afetivos (e continua lindo de morrer); Lothaire Bluteau - ator que eu nem conhecia - está maravilhoso como Horst, forte e, ao mesmo tempo delicado. Ian McKellen interpreta "tio" Freddie, um homossexual discreto aceito por isso pela família de Max; e Mick Jagger interpreta Greta, uma drag queen canalha. Jude Law faz uma ponta ínfima como soldado alemão, nem o reconheci. Destaques absolutos: a cena de amor "sem toques" de Max e Horst e a tristíssima cena final. A obra é um soco no estômago, mas tem lá sua beleza (como todos os atos de resistência têm), totalmente "gay pride". Gostei demais, mas deprimi. Recomendo para fortes.

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