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  • hikafigueiredo

"Betty Blue", de Jean-Jacques Beineix, 1986

Filme do dia (123/2022) - "Betty Blue", de Jean-Jacques Beineix, 1986 - Zorg (Jean-Hugues Anglade) é o zelador de um conjunto de bangalôs e aspirante a escritor. Ele conhece a fogosa Betty (Béatrice Dalle) e começa um relacionamento conturbado com a jovem. Betty, no entanto, revela-se cada vez mais instável.





Assisti a essa obra bem jovem, quando tinha uns dezoito anos. Vi a versão para cinema e fiquei apaixonada pelo filme. Quando lançaram o DVD, corri para comprá-lo. A versão lançada em mídia física, entretanto, era a do diretor, com mais de uma hora de cenas que não existiam na versão para cinema. A primeira vez que vi essa versão, quase detestei o filme. Exagero meu. Uma revisita me fez assisti-la com mais paciência e consegui recuperar meu apreço pelo obra. A história vai tratar do conturbado relacionamento entre Zorg e Betty. A jovem, que inicialmente mostra-se inquieta, incontida e passional, paulatinamente torna-se mais e mais instável, perdendo, aos poucos, seus laços com a realidade e sua sanidade. Zorg, por sua vez, apaixona-se pela energia e impulsividade da moça, vendo-a como uma verdadeira força da natureza, sem perceber que o outro lado da moeda poderá ser assustadoramente sombrio. A narrativa é um grande flashback de Zorg, que, de tempos em tempos, surge como narrador, em off, dos acontecimentos. Apesar disso, os eventos acontecem cronologicamente, com início na primeira semana de contato entre o casal até o desfecho trágico da relação (sem spoilers). Em relação ao ritmo, há que se fazer uma separação: o ritmo da versão para cinema é ágil, tudo acontece com rapidez, numa espiral de loucura da personagem Betty; a versão do diretor é infinitamente mais lenta e ganha um "miolo" que chega a ser arrastado, inclusive perdendo, em parte, o foco na perda de lucidez da personagem. A realidade é que não havia muita necessidade na inclusão das cenas extras dessa versão, ela era "redondinha" do outro jeito. Inclusive, é nesse "meio" que foram colocadas algumas cenas com um toque de humor, servindo como um inexplicável e dispensável alívio cômico - totalmente desnecessário. A atmosfera começa leve, com um toque de sensualidade, mas ganha cores sombrias e angustiantes à medida em que caminha para o fim. O desfecho é chocante e profundamente trágico, doloroso mesmo. Visualmente, o filme é lindíssimo. A fotografia - como em boa parte dos filmes da década de 80 - sente a influência do cinema publicitário, ganhando cores e luzes delicadas e tons quentes em boa parte de suas cenas. Os enquadramentos são sofisticados e criativos, com riqueza de plongées e contraplongées e grande variação der planos médios e próximos. A música de Gabriel Yared é delicada e hipnótica - a trilha musical da obra me acompanhou por anos!!!! O elenco é regido por um ótimo Jean-Hughes Anglade, muito bom como o apaixonado e contido Zorg; Consuelo de Haviland interpreta a amiga Lisa e Gerard Darmon, o amigo Eddy. Mas quem se sobressai na obra é Béatrice Dalle, numa interpretação visceral da tresloucada e passional Betty, em seu primeiro trabalho como atriz (engraçado que eu nunca mais vi qualquer filme dela). Béatrice está fantástica, realmente um vulcão, em mais de uma acepção. O filme foi indicado ao Oscar (1987), ao BAFTA (1987) e ao Globo de Ouro (1987) de Melhor Filme Estrangeiro, bem como ao César (1987) em oito diferentes categorias. Apesar de ainda preferir a tal versão para cinema, admito que continuo gostando demais do filme. É daquele tipo de filme que arrebata, sabe??? Acho um filmaço e recomendo muito!

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