“Boa Noite, Mamãe”, de Matt Sobel, 2022
- hikafigueiredo
- há 3 dias
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Filme do dia (141/2025) – “Boa Noite, Mamãe”, de Matt Sobel, 2022 – Os gêmeos Elias (Cameron Crovetti) e Lukas (Nicholas Crovetti) retornam para casa da mãe após uma temporada com o pai. Quando reencontram a mãe, ela está com o rosto coberto por ataduras e afirma que acabara de passar por um procedimento estético. No entanto, seu estranho comportamento levanta, nos filhos, a suspeita de que aquela não é sua verdadeira mãe.

O filme, refilmagem estadunidense da obra austríaca homônima de 2014, é um suspense psicológico que tem um início muito promissor, mas cujo desfecho pode ser decepcionante para quem tem muita bagagem cinematográfica, muito embora possa animar quem não tenha assim tanta quilometragem de cinema. Eu me explico. A história acompanha dois irmãos gêmeos que, após uma temporada longe de casa, retornam e encontram uma mãe com o rosto coberto por uma máscara pós cirúrgica. Eles aceitam a explicação de que ela está se recuperando uma cirurgia plástica estética, mas, diante do estranho comportamento da mãe, passam a desconfiar de sua identidade. Os meninos, então, começam a investigar, desobedecendo algumas orientações da mãe, motivo para ela se alterar com Elias, pego em flagrante após desobedecê-la. Certos de que sua mãe foi trocada, os meninos precisam escapar do local, pois tudo indica que ali não é um lugar seguro para eles. A narrativa, linear, em ritmo marcado, é construída de tal forma que o espectador fica, o tempo inteiro, tentando descobrir qual exatamente é o mistério da história. Logo no início do filme, comecei a tecer inúmeras teorias para aquilo que estava acontecendo, mas, no decorrer da narrativa, o desfecho ficou muito evidente (há muitas pistas ao longo da obra, só não saca o plot twist quem não quiser). E daí, minha decepção – não basta a história ser uma refilmagem, ela tem de ser uma clara releitura, para não dizer um plágio descarado, de uma obra de 1972 de nome “A Inocente Face do Terror”, filme que, quando vi, também já cantei a bola antes do desfecho. Difícil, né, suspense psicológico requentado não dá. Confesso que o começo promissor e o desfecho clichê acabaram por me frustrar bastante. Maaaas, dando o benefício da dúvida, talvez quem não tenha visto alguns filmes antecedentes até “caia” no plot twist – e daí o que era decepcionante talvez se torne uma epifania, vai saber, até porque a construção do suspense é bem articulada e com certeza “funciona”. A atmosfera de opressão, claustrofobia e insegurança dá a tônica do filme e é a responsável pelo que ele tem de melhor. Outro ponto alto é a presença da sempre ótima Naomi Watts como a mãe dos gêmeos – a personagem tem mais camadas do que suspeitamos no início e o bom trabalho da atriz torna as coisas mais críveis. Os atores mirins Cameron e Nicholas Crovetti também ajudam a sustentar o filme, com interpretações sólidas e convincentes. O filme dialoga com pelos menos mais uns três filmes, mas, como estes são mais conhecidos, vou me abster para não estragar a experiência (se bem que quem viu o filme mencionado mais acima já recebeu um spoiler involuntário, pelo qual peço perdão). Eu gostaria de ver o original austríaco, pode ser tudo absolutamente diferente (Hollywood adora estragar filmes estrangeiros com suas refilmagens péssimas e aqui pode ser o caso). Eu indico esta obra para quem esteja começando a ver de terror ou suspense agora, mas não para amantes dos gêneros. O filme está disponível em streaming pela Prime Video.



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