Filme do dia (08/2020) - "Boa Sorte", de Carolina Jabor, 2014 - João (João Pedro Zappa) é um jovem de 17 anos que conhece Judite (Deborah Secco), uma mulher de 30 anos, em uma clínica de reabilitação. Apesar das diferenças, surgirá um forte afeto entre os dois.
Nesse delicado drama, temos o improvável caso de amor entre João, um jovem depressivo, viciado em ansiolíticos, e a desregrada e cheia de vida Judite, dependente de drogas diversas e com a saúde comprometida pelos excessos. Rapidamente João - que se acredita invisível e leva uma existência apagada - encanta-se com Judite, cuja alegria e despreocupação a todos contagia. A obra retrata a solidão dos personagens que, de uma forma ou de outra, foram abandonados por seus familiares e buscaram, nos remédios ou em outras drogas, uma forma de compensação. A diretora conduz a história com muita doçura, de forma que o espectador cria empatia pelos dois protagonistas quase imediatamente. A relação dos personagens é construída com cuidado, em um ritmo convincente. Não curti como a clínica de recuperação foi retratada - muito irreal, parecia um ambiente bastante agradável e sabemos que este tipo de lugar não tem nada de agradável, conforme bem retratou o filme "Bicho de Sete Cabeças", de Laís Bodansky (2000). Por outro lado, gostei como a relação dos dois personagens foi desenvolvida e achei o desfecho condizente, ainda que muito triste. No elenco, João Pedro Zappa interpreta um João apagado, deprimido, que ganha novas cores quanto mais se apega a Judite - gostei de sua atuação; Deborah Secco, também, está ótima como a turbulenta Judite. Ainda temos, no filme, a participação de Fernanda Montenegro como a inconsequente avó de Judite e Cássia Kiss como a psiquiatra da clínica. É um filme terno, bonito, que me agradou bastante. Recomendo.
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