Filme do dia (205/2016) - "Boi Neon", de Gabriel Mascaro, 2015 - Iremar (Juliano Cazarré) é um vaqueiro que viaja, de cidade em cidade, pelo Nordeste, acompanhando as vaquejadas que acontecem pelo caminho. Apesar do trabalho rude, Iremar sonha com um trabalho bem mais delicado, o de estilista de roupas.
Neste "road movie" bem brasileiro, acompanhamos o cotidiano de Iremar e seus companheiros de comitiva - Galega (Maeve Jinkins), Junior (Vinícius de Oliveira), Mário (Josinalvo Alves) e a menina Cacá (Alyne Santana) - cada qual com com suas questões pessoais e expectativas. O que achei mais interessante no filme foi a total subversão dos papeis sociais estabelecidos - quem dirige e conserta o caminhão é Galega, assim como Geise, grávida, é segurança na fábrica de roupas, enquanto Júnior cuida de seu cabelo com esmero e Iremar costura e adquire perfumes - apesar de todos serem embrutecidos pela vida difícil, cada qual guarda um pouco de sensibilidade, canalizado para alguma coisa. A obra só merecia um desfecho melhor, achei que faltou um fim com impacto, mas não chegou a estragar o filme. Destaco, na obra, a fotografia muito, muito boa, com algumas cenas muito bonitas e poéticas, e o excepcional trabalho de direção de atores - Juliano Cazarré me surpreendeu bastante como Iremar, e Maeve Jinkins novamente comprovou a ótima atriz que é. Por outro lado, alguns diálogos mostraram-se bastante difíceis de entender, em parte por uma qualidade de som não muito boa, em parte pelos termos regionais e sotaque com os quais não estou habituada (mas que, no cômputo final, compuseram muito bem com a história). Impossível não festejar o ótimo momento do cinema pernambucano que tem nos presenteado com obras maravilhosas como "Aquarius", "O Som ao Redor" e "Baixio das Bestas", além de "Boi Neon". Gostei e recomendo para quem gosta de um filme mais autoral.
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