Filme do dia (84/2019) - "Boy Erased", de Joel Edgerton, 2018 - Jared (Lucas Hedges) é um jovem universitário gay que é enviado a uma "clínica de recuperação de homossexuais" por seus pais religiosos. No local, ele passa a viver o difícil processo de "cura gay".
Baseado na obra autobiográfica de Garrard Conley, o filme retrata os horrores e absurdos advindos das infames terapias de "cura gay". Vindo de uma família extremamente religiosa - seu pai era pastor de uma igreja batista -, Jared sofria e culpava-se por sua natureza homossexual. Pressionado pela família, Jared concorda em passar alguns dias em um programa de reorientação sexual, sem imaginar que presenciaria e viveria toda sorte de abusos físicos e psicológicos, bem como humilhações, possíveis. A obra é claramente um alerta para quem cogita ser possível "reorientar" a sexualidade de alguém - algo que ultrapassa o absurdo, sendo uma abominável violência ao indivíduo e sua natureza. Para mim foi impossível ver o filme sem sentir uma indignação profunda por aquilo que era retratado - e que é sabidamente defendido por algumas religiões e seitas por aí. A atmosfera do filme é pesada, a angústia que desperta é palpável. Okay, pode até ser que seja um filme meio panfletário, mas, ainda assim, considero-o necessário. Formalmente, a obra é bem quadradona, padrão básico de Hollywood. No elenco, um ótimo Lucas Hedges, que não pesou a mão no seu personagem em nenhum quesito; Russell Crowe interpreta o pai de Jared, um pastor batista - admito que, acostumada a ver o ator interpretando personagens durões, estranhei sua presença neste papel, ainda que ele não esteja mal nele; Nicole Kidman, quase irreconhecível como matriarca de uma religiosa família sulista, não me convenceu muito não nessa personagem. O próprio diretor Joel Edgerton interpreta o terapeuta do programa, saindo-se bem como o odioso Victor Sykes. Apesar de não ser uma obra memorável, respeito o filme por sua temática importante e bastante pertinente ao momento em que vivemos.
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