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  • hikafigueiredo

"Braza Dormida", de Humberto Mauro, 1928

Filme do dia (148/2020) - "Braza Dormida", de Humberto Mauro, 1928 - O jovem bon-vivant Luis Soares (Luiz Soroa) é enviado ao Rio de Janeiro para estudar, mas acaba gastando todo o seu dinheiro sem consentimento de seu pai. Sem um único tostão, Luis acaba buscando uma vaga de emprego como gerente de uma usina de açúcar no interior do estado. Na fazenda, acaba conhecendo e se apaixonando pela bela Anita (Nita Ney), filha do dono da usina.





Humberto Mauro é considerado um dos pais do cinema nacional. Lembrava de ter visto algum filme dele na faculdade - acho que "Ganga Bruta" (1933), mas não tenho bem certeza -, mas não lembrava de nada da obra. Assim, resolvi visitar o diretor através de "Braza Dormida". O filme é um romance com toques de drama e suspense. Aos nossos olhos, após mais de 100 anos de cinema, o filme pode não parecer nada de excepcional, mas, considerando a época, demonstra um grande domínio das técnicas e linguagem cinematográficas pelo diretor. Ainda que o roteiro não seja intrincado - o romance entre Luis e Anita, problematizado pelo pai da moça a partir de intrigas e denúncias anônimas que partiram do invejoso antigo gerente da usina -, ele é muito bem desenvolvido através das imagens e pouquíssimos letreiros. Temos, ao longo da obra, demonstrações de domínio da linguagem cinematográfico - como por exemplo, na montagem paralela durante a festa de aniversário de Anita, ou, ainda, durante a luta na usina, momento em que, inclusive, há uma aceleração do ritmo e aumento da tensão proporcionados pelos planos cada vez mais curtos, seguidos uns dos outros. Temos, também, uma sofisticação nos enquadramentos - como, por exemplo, nos diversos plongées e nos vários planos de detalhes ao longo da obra -, além de ousados movimentos de câmera - como travellings laterais e aproximações. Divertidíssimo é poder observar o mundo como era há quase 100 anos - as roupas, os modos, a sociedade, a orla do Rio de Janeiro sem edifícios, tudo é muito diferente e interessante de se ver!! É uma pena que o DVD não tenha nenhum registro de som - sim, o filme é mudo, mas, normalmente, os DVDs trazem o registro musical que acompanharia o filme, o que não ocorre neste DVD. As interpretações são bastante naturais, não seguem o exagero típico e as interpretações teatrais comuns nos filmes mudos. Destaques: a cena da cobra na árvore, que pode gerar uma leitura interpretativa bem interessante; a cena da festa de aniversário de Anita e a ótima cena da briga na usina. O filme é um lindo registro histórico do cinema nacional e vale a pena para quem tem interesse na história do cinema, em especial, do cinema brasileiro.

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