Filme do dia (24/2018) - "Brothers", de Susanne Bier, 2004 - Michael (Ulrich Thomsen) é um major do exército dinamarquês. Ele é casado com Sarah (Connie Nielsen) e juntos têm duas filhas. Seu irmão Jannik (Nikolaj Lie Kaas), que acaba de sair da prisão, é um jovem irresponsável e envolvido com o crime. Quando Michael é enviado em missão ao Afeganistão e dado como morto, Jannik tenta assumir a responsabilidade pela família do irmão. Mas Michael não está morto.
Belo e contundente filme dinamarquês, a obra discorre sobre responsabilidade e culpa. Jannik, tido, a vida toda, como irresponsável, em especial frente ao "perfeito" Michael, assume todo o peso da família do irmão, mostrando o seu potencial como homem correto e responsável. Já Michael, incapaz de lidar com a culpa por um ato ocorrido no Afeganistão, extravasa sua raiva e dor sobre os seus, trazendo à tona um homem violento e cruel. A súbita troca de papeis demonstra o quanto o bem e o mal convivem dentro de todos e somente as circunstâncias são responsáveis por evidenciar um ou outro lado. A obra ainda trabalha com a questão dos afetos e dos sacrifícios que estamos dispostos a fazer em nome destes afetos. É um filme meio "seco", que não tenta romancear situações que são, por natureza, difíceis e conflituosas, nem eleger vilões e mocinhos. Também não é uma obra que extravasa emoções extremas, melodramática, deixando bem clara sua origem dinamarquesa (esses povos nórdicos sempre me soam tão racionais e pragmáticos, acho incrível) O roteiro trabalha com dois espaços - a família na Dinamarca e o campo de prisioneiros no Afeganistão, sendo, este último, palco da cena mais tensa e "traumática". Destaque para a bela fotografia, por vezes granulada e em tons de sépia, e pelos inúmeros planos de detalhe, recortando mãos e olhos, dentre outros, sempre com forte carga dramática. Gostei bastante da escolha do elenco, mas acho que a interpretação de Ulrich Thomsen como o transtornado militar se sobressai aos demais (inclusive é o personagem mais difícil e contraditório). Filme muito, MUITO, bacana, recomendo (sei que houve uma refilmagem que não sei se foi tão boa, melhor ficar no original). Agradecimento especial ao amigo Dan Éljen que me presenteou com essa pérola !
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