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  • hikafigueiredo

“Byzantium – Uma Vida Eterna”, de Neil Jordan, 2012

Filme do dia (67/2023) – “Byzantium – Uma Vida Eterna”, de Neil Jordan, 2012 – Por dois séculos, Clara (Gemma Arterton), uma jovem vampira, esconde dos seus iguais sua filha Eleanor (Saoirse Ronan), também tornada vampira. As duas fogem, de cidade em cidade, temendo sempre serem alcançadas pelos demais seres da noite. Mas Eleanor sente-se só e não consegue perdoar Clara pelo seu triste e solitário destino.





Adoro histórias de vampiro que fogem do convencional, caso desta obra. Aqui, a narrativa ocorre do ponto de vista da jovem Eleanor, que, há dois séculos, aparenta seus poucos dezesseis anos, embora vague pela Terra há bem mais tempo. Eleanor expõe, através de sua narrativa sincera, a solidão de ser quem ela é, fadada a não estabelecer laços, nem vínculos, a fugir constantemente e a de ter de ser o anjo de morte para alguns. A história mostra a humanidade que resiste em uma vampira, que, embora não seja mais humana, ainda guarda sentimentos que a aproximam dos viventes. Como em poucos filmes de vampiro, o espectador acaba por se solidarizar a Clara e Eleanor, cujos destinos não foram nada generosos – de que adianta ter uma vida eterna se esta está envolta em dor e solidão? Claro que boa parte da mitologia dos vampiros, aqui cai por terra – eles andam ao sol, não têm presas pontudas, não morrem com uma estaca no peito, dentre outros. A narrativa é não linear – o presente e o passado alternam-se constantemente -, em ritmo de moderado a ágil. Temos a narrativa em off de Eleanor a pontuar toda a história. A atmosfera é mais amarga que tensa, o relato de Eleanor tem muito mais tristeza do que horror ou maldade de qualquer espécie – aliás, se Clara mostra-se impiedosa com alguns, Eleanor expõe uma sólida generosidade, verdadeira compaixão e sincera preocupação com aqueles cuja vida será por ela ceifada. O roteiro desenvolve-se com cuidado, não encontramos “buracos” na história, que flui com facilidade. Tecnicamente, é uma obra muito bem-feita – fotografia bonita, cuidadosa, desenho de produção caprichado e boa qualidade de som. Gostei demais do elenco e de seu trabalho: Gemma Arterton está ótima como a selvagem Clara, capaz de qualquer coisa para defender sua filha; Saoirse Ronan – adoro essa atriz!!! – traz uma interpretação sensível, seus olhos muito azuis são profundamente expressivos; Sam Riley está muito bem como Darvell, assim como Jonny Lee Miller como o terrível Ruthven; Daniel Mays interpreta Noel; e Caleb Landry Jones – outro ator que adoro – marca presença com sua aparência exótica e seu trabalho sólido e sincero. O filme traça um diálogo interessante com “Deixa Ela Entrar” (2008) pelo tema solidão, mas é infinitamente menos sombrio do que o filme sueco. Também vi uma relação entre a obra e o ótimo “Amantes Eternos” (2013), produzido um ano depois deste, e claro, com “Entrevista com o Vampiro” (1994), do mesmo diretor Neil Jordan. Não vou dizer que é um filme excepcional, mas tem qualidades e curti bastante assistir a ele. Recomendo.

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