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hikafigueiredo

“Cães de Aluguel”, de Quentin Tarantino, 1992

Filme do dia (91/2023) – “Cães de Aluguel”, de Quentin Tarantino, 1992 – Após um assalto malsucedido a uma joalheria, um grupo de assaltantes tenta descobrir, dentre eles, quem foi que traiu a missão e acionou a polícia, dando início a uma série de acusações e defesas.





Na sua estreia em longa-metragens, o diretor Quentin Tarantino já chegou mostrando as características de seus filmes que seriam incorporadas, definitivamente, em suas obras posteriores. Jogando com a não-linearidade narrativa, o diretor usufrui de mil possibilidades de edição, podendo escolher o momento exato para revelar informações importantes da história e, assim, esticar ao máximo a tensão da trama. Da mesma forma, Tarantino brinca com os diálogos que vão do mais tolo “small talk” – a típica conversa fiada, que trata apenas de banalidades, marca registrada do diretor – até falas reveladoras, responsáveis por verdadeiras guinadas na história. Aqui também já temos uma característica marcante das obras de Tarantino: as triangulações de planos, a edição que passa de um personagem a outro, um plano após o outro, sem jamais quebrar o eixo, tenham quantos personagens tiver na cena! Também já temos uma trilha musical marcante, com músicas escolhidas a dedo pelo diretor. E, claro, o mais importante: referências constantes à cultura pop, sejam sobre música, cinema, quadrinhos, etc. A história mostra os momentos que antecedem e sucedem uma ação criminosa – um assalto a uma joalheria, de onde seria levado um punhado de diamantes israelenses já lapidados. Ocorre que a missão dá errado em parte, pois a polícia chega muito rápido ao local, a sugerir uma traição de dentro do grupo. Assim, os integrantes restantes – já que alguns viriam a perecer na ação policial – se agrupam e dão início a uma série de acusações e defesas. Uma coisa interessante – o assalto, em si, jamais aparece no filme, nem por um segundo sequer. A história, então, passa a focar em questões como lealdade, amizade, comprometimento, traição, tudo isso no meio criminoso. O ritmo é para lá de alucinante e a violência gráfica e um tanto de humor ácido já surgem como característica do diretor. A atmosfera é de tensão total e absoluta, o espectador sente-se completamente envolvido. O elenco traz alguns queridinhos de Tarantino: Harvey Keitel interpreta o Mr. White, no papel de bad ass que já marcava sua carreira; Michael Madsen interpreta o Mr. Blonde, um ator retirado das sombras pelo diretor; Steve Buscemi interpreta o Mr. Pink; Tim Roth, Mr. Orange; Edward Bunker, Mr. Blue; o próprio Quentin Tarantino interpreta o Mr. Brown; Chris Penn aparece como o personagem “Nice Guy” Eddie e Lawrence Tierney, como Joe Cabot. O elenco todo é bom demais e Tarantino se mostra um ótimo diretor de atores. Impossível falar do filme e não destacar a cena da tortura do policial por Mr. Blonde no galpão ao ritmo de “Stuck in the Middle with You”, de Stealers Wheel – essa cena é icônica e perturbadora quase na mesma medida e Michael Madsen foi extremamente feliz na sua interpretação. Eu sou meio suspeita para falar de Quentin Tarantino pois adoro a forma como ele faz a reciclagem da cultura pop, revisitando e recriando elementos já existentes em diferentes nichos dessa cultura. Depois de “Pulp Fiction” (1994), acho que esse é meu filme predileto do diretor - se bem que também temos os “Kill Bill” (2003/2004) e o “Bastardos Inglórios” (2009), que são fantásticos!!!! De qualquer forma, é um filmaço, ainda mais se pensarmos que foi a estreia de Tarantino nos longas! Obrigatório!!!!

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