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“Caracol Branco”, de Elsa Kremser e Levin Peter, 2025

  • hikafigueiredo
  • há 2 dias
  • 2 min de leitura

Filme do dia (100/2025) – “Caracol Branco”, de Elsa Kremser e Levin Peter, 2025 – Masha (Marya Imbro) é uma aspirante a modelo depressiva e com fixação na morte. Ela se aproxima de Misha (Mikhail Senkov), um pintor artístico amador que trabalha em um necrotério e se inspira em suas atividades diárias nas suas obras, surgindo, daí, um profundo laço afetivo entre ambos.


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Sem apelar para qualquer recurso dramático exagerado, o filme é daqueles que o espectador sai de coração partido. A narrativa começa mostrando Masha em recuperação em um hospital, após uma tentativa de suicídio frustrada. Ali ela observa, de longe, pela janela, as atividades de Misha, que trabalha no necrotério do hospital. Profundamente atraída pela morte, deprimida e potencialmente suicida, Masha procura Misha e começa a mostrar interesse por seu trabalho, dando início a uma improvável amizade entre a promissora aspirante a modelo e o funcionário do necrotério. O filme, delicado, transita entre o sentimento de abandono e inadequação da bela Masha e o surgimento e crescimento do afeto entre ela e Misha. O filme discorre, em maior ou menor grau, sobre padrões de beleza impostos, pressão profissional, depressão, sentimento de inadequação e não-pertencimento, solidão, surgimento e solidificação de afetos, confiança, incompreensão familiar, resiliência e busca pelos sonhos. Há uma contraposição entre a figura triste e frágil de Masha – muito embora tão promissora em sua profissão – e a imagem segura e forte de Misha – mesmo sendo um pintor desconhecido e sem qualquer chance de sucesso: eles parecem se completar perfeitamente, apesar de suas diferenças tão gritantes. A narrativa é linear, em ritmo suave e agradável. A atmosfera mescla certa angústia advinda da depressão da jovem Masha com uma esperança crescente de que ela se encontre em Misha e saia daquela situação. Ao longo da história, eu fui me apegando aos personagens e torcendo para que aquilo virasse um romance. Destaque para a cena da briga, quando todas as cartas são lançadas na mesa e coisas que jamais deveriam ser faladas são jogadas na cara um do outro. Destaque, ainda, para a cena dos caracóis – não sei por que, mas fiquei muito fascinada pela movimentação e interação daqueles animais. A última cena me deixou triste e de coração partido. Gostei bastante dos intérpretes de Masha e Misha – Marya Imbro e Mikhail Senkov, respectivamente -, eles apresentaram um ótimo trabalho e me cativaram. Gostei e foi o melhor filme do dia. Décimo quinto filme assistido na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

 
 
 

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