Filme do dia (18/2020) - "Caramelo", de Nadine Labaki, 2007 - Em um salão de beleza de Beirute, quatro mulheres - Layale (Nadine Labaki), Nisrine (Yasmine Al Massri), Rima (Joanna Moukarzel) e Jamale (Gisèle Aouad) - convivem e buscam respostas para suas questões amorosas e familiares, sempre contando com o apoio das demais.
Nesse bom drama temos, como temática, a condição da mulher, em especial nos países de origem árabe. A obra foca em pequenas - ou não tão pequenas - coisas a que as mulheres se submetem para se "adequar" aos modelos impostos pela sociedade patriarcal. Desde aceitar o doloroso procedimento de uma depilação com cera quente até procurar uma cirurgia para reconstrução do hímen, passando por acatar um relacionamento amoroso que não satisfaz ou optar por esconder sua orientação sexual para evitar o preconceito, as mulheres diuturnamente aceitam as imposições de uma sociedade machista, por vezes por medo, outras por mera comodidade e, por outras tantas, por pura inércia. Apesar da obra mostrar um sem números de imposições negativas, o filme também retrata lados positivos: a sororidade e o apoio e acolhimento mútuo entre as mulheres, mostrando como é possível fazer uma aliança entre as mulheres para que estas se fortaleçam em meio a essa sociedade essencialmente machista. Tudo isso é mostrado através do dia-a-dia das personagens dentro e fora do salão em que trabalham. É uma obra delicada, sensível e relativamente leve, apesar de ser um drama - muito diferente do último filme da diretora, pesado como um carregamento de bigornas ("Cafarnaum", 2018). O ritmo é constante e assemelha-se ao ritmo dos dramas norte-americanos. Gostei das interpretações, inclusive a da diretora Nadine Labaki, que faz a personagem Layale. Destaque para a dolorosa personagem Rose (Sihame Haddad) que abre mão de um sonho para cuidar da irmã idosa e já senil - única parte realmente triste do filme. Mesmo sem ser uma grande filme, a obra é simpática, bem conduzida e gostosa de assistir. Recomendo.
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