- hikafigueiredo
"Com Amor, Simon", de Greg Berlanti, 2018
Filme do dia (88/2018) - "Com Amor, Simon", de Greg Berlanti, 2018 - Simon (Nick Robinson) é um típico adolescente norte-americano, de uma estruturada família de classe média e com um grupo de amigos fixo e leal. Sua vida seria perfeita, não fosse o fato dele esconder de todos um segredo: ele ser gay. Quando Simon começa a se comunicar anonimamente com outro jovem com o mesmo segredo, ele abre caminho para revelar a todos sua condição.

Esse filme me lembrou muito os filmes adolescentes da década de 80, exceto pelo fato de que aqui existe, realmente, um ponto problematizador de peso, uma vez que, infelizmente, a homossexualidade mantém-se como tabu e a homofobia é um perigo a ser considerado e temido por qualquer homossexual. Mas foi justamente esse contato do filme leve de adolescente e o tema da homossexualidade que me gerou certo incômodo em relação à obra, pois, para mim, a atmosfera leve que se criou e as soluções encontradas saíram muito da realidade. Não que eu ache que "sair do armário" tenha de ser sempre traumático, sofrido e caótico - sei de casos em que esse caminho foi bem "de boa", inclusive na minha família - mas, da forma como se dá essa revelação na história (sem spoilers), não ocorrer praticamente nenhuma reação negativa é por demais fantasioso, é quase um conto de fadas, quem dera fosse simples assim. Outra coisa que me incomodou foi que o filme tenta redimir todos os personagens - não interessa o quão babacas, sem noção, cruéis ou egoístas eles tenham sido, eles não fizeram por querer, não sabiam das consequências, eles não eram tão maus; só que eu acho que tem ações e pessoas que não dá para passar o pano. Mas, pelo o que eu conversei com outras pessoas, parece que essa falta de consonância com a realidade só incomodou a mim - desconfio que essa foi uma leitura bem particular de uma pessoa rabugenta e amarga: eu. O filme é todo suave, leve, romântico e otimista. Gostei como a história coloca a imaginação de Simon em evidência nos momentos em que ele imagina quem será seu correspondente anônimo. Também curti a trilha sonora - muito boa. Destaque para as interpretações de Nick Robinson - que conseguiu equilibrar bem a crise que o personagem vive e sua evidente qualidade de vida, não pesando para nenhum lado - e de Katherine Langford, como a amiga Leah. A obra é toda bonitinha - não espere uma profundidade emocional de um "Me Chame pelo seu Nome", não vai rolar - e vai agradar quem curte um entretenimento leve.