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"Coração de Cristal", de Werner Herzog, 1976

  • hikafigueiredo
  • 27 de out. de 2021
  • 2 min de leitura

Filme do dia (313/2021) - "Coração de Cristal", de Werner Herzog, 1976 - Alemanha, século XVIII. Um pequeno vilarejo na Bavária tem sua renda atrelada à confecção do raro vidro-rubi. Quando o mestre-vidreiro que sabia o segredo da produção do vidro-rubi morre, os moradores entram em desespero e o barão local, maior comerciante do produto, embarca em uma busca obsessiva pelo segredo de sua confecção.





Baseado numa história real, o filme é de uma beleza cênica ímpar. Com belíssimas imagens naturais que dão certo ar onírico à obra, num ritmo contemplativo, e com uma fotografia ultra contrastada e recortada, em tons quentes, legando uma tonalidade amarelada que nos remete às pinturas barrocas, o filme é um verdadeiro deslumbre aos olhos. A história, em parte real, trata do colapso de uma pequena cidade quando um mestre-vidreiro, detentor do segredo da produção de um raro vidro, única fonte de renda local, morre sem revelar esse segredo. Em polvorosa, os moradores entram em um processo de desespero e depressão, enquanto o mais rico comerciante do produto trava uma obstinada jornada em busca da receita do vidro. Como figura central, o personagem Hias, um vidente, mentor da cidade, que passa a vaticinar as piores tragédias para a cidade desde a morte do mestre-vidreiro. A narrativa é linear, em ritmo bem lento, sem um clímax definido. A atmosfera é de franca angústia, melancólica como o estado dos personagens. Vou confessar que, embora tenha me embevecido com o visual do filme e consiga "filtrar" a história, focando na desesperada busca pelo segredo da produção do vidro-rubi, o foco no personagem Hias acabou com a obra para mim. O personagem é chatíssimo, com suas profecias incompreensíveis, herméticas, cuja interpretação pode ser qualquer coisa, seu olhar vago de quem olha o além... Como boa parte da narrativa é ocupada pelo tal personagem e seus vaticínios, acabei por perder a atenção no filme e não consegui me sentir ligada a ele. Admito os méritos da obra - além da fotografia impecável, uma direção de arte de época detalhada e minuciosa e uma trilha sonora suave e agradável, muito bem inserida nas imagens - mas não posso dizer que gostei dela. No elenco, Stefan Güttler como o barão Hüttenbesitzer - gostei de sua interpretação, a forma como ele demonstra o desespero do personagem; Josef Bierbichler interpreta o profeta Hias - ah, eu detestei tanto o personagem, o achei tão chato, que acho que transferi a antipatia para o ator, sou incapaz de dar uma opinião minimamente isenta sobre ele; e Sonja Skiba interpreta a empregada Ludmilla. Como já mencionei, a obra tem virtudes inegáveis, principalmente quanto à parte técnica e formal, mas a história não me cativou, principalmente pela presença do personagem Hias (eu acredito que Herzog tenha visto no personagem certa poesia, um elemento que reforçaria o tom onírico da obra, mas, para mim, não funcionou MESMO). Quem se interessar, veja por sua conta e risco

 
 
 

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