Filme do dia (112/2019) - "Coringa", de Todd Phillips, 2019 - Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) é um aspirante a comediante contratado para trabalhos esporádicos como palhaço. Portador de uma rara condição que o leva a gargalhar quando fica tenso e sem qualquer talento para a comédia, Arthur é ridicularizado e mal-tratado por todos. Sob pressão e em intenso sofrimento, Arthur começa a, gradativamente, perder o contato com a realidade e sua natureza sombria subitamente emerge, para o desassossego de Gothan City.

Pense em um filme sombrio. Agora some a ele uma carga emocional negativa, pesada - você talvez chegue perto do que é a experiência de assistir a essa obra. Esqueça a leveza dos filmes de super-herói da Marvel - no espectro diametralmente oposto, DC veio com o pé no peito do espectador e o brindou com uma obra densa, sofrida, pesada ao extremo. Coringa é, antes de tudo, um personagem trágico, com uma história complicada, dramática. O espectador vivencia o limbo de, por um lado, ter empatia pelo personagem, cuja vida estragada desperta certa piedade, e, por outro, se horrorizar com a monstruosidade do que esse mesmo personagem é capaz - sim, você, ao assistir a essa obra, vai se equilibrar na tênue linha que separa o bem do mal e, em algum momento, vai, sim, torcer pelo pior vilão do Universo DC!!!! O clima geral é de dor e progressivamente esse sofrimento só aumenta. A fotografia é escura, as cores priorizam os cinzas, a direção de arte segue a mesma linha sombria - tudo pesa neste filme. O roteiro, ainda que bom, não traz grandes inovações, é bem quadradão. Destaque mesmo, mesminho, de verdade, merece a interpretação monstruosa de Joaquin Phoenix - ele já tem cara e certa fama de "fora da casinha", mas, aqui, ele superou todas as referências de insanidade: do gestual às expressões faciais, passando, ainda, pela maneira de falar e, acima de tudo, pela gargalhada assustadora, tudo, TUDO, nele é perturbadoramente desequilibrado, doentio. Enquanto o Coringa de Heath Ledger (outra interpretação excepcional) guardava certa "leveza", certa comicidade, graças ao deboche, ao sarcasmo do personagem (ainda que tão insano quanto), o Coringa de Joaquin Phoenix não dá qualquer margem a alívio de qualquer espécie - ele é denso feito chumbo, sombrio feito noite de lua nova e, acima de tudo, perturbador. Juro que saí mal do filme, com um gosto muito amargo na boca e na alma. O filme é, com perdão da expressão, do caralho!!!! Recomendado à enésima potência, até mesmo para quem não gosta de filmes de super-heróis!!!!
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