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  • hikafigueiredo

"Correspondente Estrangeiro", de Alfred Hitchcock, 1940

Filme do dia (22/2022) - "Correspondente Estrangeiro", de Alfred Hitchcock, 1940 - EUA, 1939. Às vésperas de estourar a Segunda Guerra, o repórter investigativo Johnny Jones (Joel McCrea) é enviado pelo jornal onde trabalha para a Europa para investigar as probabilidades de ocorrer uma guerra naquele continente. Para tanto, ele precisa extrair informações do diplomata holandês Van Meer (Albert Bassermann). Na primeira ocasião em que se depara com o diplomata, Johnny, sob o pseudônimo Huntley Haverstock, conhece a jovem Carol Fisher (Laraine Day), logo se encantando pela moça, a qual é filha de um contato europeu do jornal, Stephen Fisher (Herbert Marsall). Logo, Johnny se verá envolvido em uma complexa trama de espionagem e traição e ficará dividido entre cumprir a tarefa para qual foi incumbido ou lançar-se à conquista de Carol.





Maratona de filmes do mestre Alfred Hitchcock? Sim, aqui nós temos! Rs. A obra em questão cria uma criativa e complexa trama de bastidores envolvendo o início da Segunda Guerra Mundial. Na história, o repórter investigativo Johnny sai em busca de um furo de reportagem, mas, acaba se vendo envolvido em questões políticas e num ardil envolvendo espionagem e contraespionagem. Em meio a tudo isso, ele se apaixona perdidamente pela filha do expoente de uma organização internacional pela paz e tenta, contra todas as possibilidades, conquistar a garota. Como bom filme de espionagem, a obra traz uma história complicada, cheia de reviravoltas, traições e traidores, de forma que, a cada minuto de narrativa, novas e surpreendentes informações surgem, transformando o status dos personagens envolvidos, que, uma hora são "aliados" e, na seguinte, "inimigos" e vice-versa. Como em outros filmes do diretor, os antagonistas serão revelados no meio da narrativa e não ao cabo dela como em diversas obras. Aqui, já é perceptível o incremento da qualidade da obra do diretor - o roteiro, a despeito de sua complexidade, é bem mais amarrado, sólido, não contendo furos ou pontas soltas, possibilitando que Hitchcock exerça com absoluta segurança e maestria sua direção. É curioso como as questões políticas são colocadas no filme - ainda que o Reino Unido mantenha certo status de "mocinho" na história, há que se lembrar que, até então, os EUA se mantinham neutros na guerra (só entraram oficialmente no embate em 1941, com o ataque japonês a Pearl Harbor), de forma que pouco ou nada se menciona quanto à Alemanha e seus aliados, mas, tão somente, acerca da rivalidades entre as diferentes nações, sem haver praticamente nenhum julgamento moral das partes (o que mudaria bastante em Hollywood após a entrada dos norte-americanos na guerra). Nesse sentido, destaco a cena do hotel, onde um pequeno incidente apaga parte do luminoso dele e o "Hotel Europe" acaba se tornando "Hot Europe", numa clara brincadeira à tensão existente no continente. A única exceção à pretensa neutralidade da obra se encontra em uma curtíssima frase do personagem Fisher, em que ele menciona grupos que aliam fanatismo pela pátria com desapego à vida - para mim, uma clara menção aos governos de extrema-direita que chegaram ao poder. A narrativa é linear e o ritmo quase frenético - os ambientes mudam numa velocidade assustadora e a ação pula daqui para lá como pipoca numa panela. A atmosfera é, claro, de tensão crescente. Aqui já encontramos a sofisticação técnica das obras posteriores do diretor e a cena do moinho é quase um cartão de visita do filme, com sua fotografia sombreada, os planos criativos, seus plongées e contraplongées, o uso de profundidade de campo, a mudança súbita de planos abertos ou médios para planos detalhes para ressaltar elementos e aumentar a tensão, o uso do ponto de vista do protagonista - a cena é uma verdadeira aula de cinema e, talvez, a melhor de todo um filme que tem outras cenas fantásticas!!!! Destaco também a cena do avião, a qual deve ter despendido tempo e muito trabalho para realizá-la dado seu grau de complexidade (ainda mais para a época). O elenco é formado por Joel McCrea como Johnny Jones, numa performance bastante convincente. Seu par é interpretado por uma ótima Laraine Day, a primeira "mocinha" não loira que eu me lembre nos filmes do diretor; George Sanders interpreta o correspondente ffolliott (sim, assim mesmo, com minúscula rs), numa interpretação sólida; Herbert Marshall interpreta Stephen Fisher, também muito bem; e Albert Bassermann ganha o papel de Van Meer, simplesmente perfeito. O filme foi indicado em seis categorias do Oscar (1941) - Melhores Filme, Roteiro Original, Fotografia, Direção de Arte, Efeitos Visuais e Ator Coadjuvante (Albert Bassermann) - mas saiu de mãos abanando. O filme é ótimo e o diretor estava em franca ascensão em Hollywood. Eu fiquei super envolvida e gostei demais. Recomendo.

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