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"Cruzes de Madeira", de Raymond Bernard, 1933

hikafigueiredo

Filme do dia (147/2021) - "Cruzes de Madeira", de Raymond Bernard, 1933 - França, 1914. O jovem estudante de direito Gilbert Demachy (Pierre Blanchar) alista-se no exército francês para defender seu país. Logo, ele e seus companheiros de pelotão conhecerão os horrores da guerra, amontoados no fundo de trincheiras na região de Champagne.






Talvez um dos filmes com melhor (e mais longa) caracterização de front de batalha, a obra acompanha a chegada do personagem Gilbert no exército, seus primeiros contatos com os companheiros de pelotão e seu envio para a frente de combate. Após as primeiras conflagrações, "leves" dentro do possível, Gilbert e seus colegas são enviados para uma dura e interminável batalha, com a duração de muitos dias. Se o filme é extremamente moroso até então, aqui é o momento em que ele "cresce" e destaca-se dentre as obras com tema semelhante - acredito que essa sequência de combate deva ter quase uma hora de duração e é tomada por explosões constantes, os soldados avançando lentamente em direção ao exército inimigo, conquistando, com muito suor e sangue, palmo a palmo, cada centímetro de terreno. Até por ser em P&B e por não contar com os efeitos especiais atuais, o filme pode não ter o mesmo impacto de outras obras em que a guerra é mostrada "vermelho sangue" e quase sentimos o cheiro das trincheiras (caso de "O Medo", de 2015), o que não quer dizer que aquela quase uma hora de luta ininterrupta não impressione e deixe um gosto amargo na boca do espectador - se uma hora de explosões na tela já deixa nosso emocional em frangalhos, o que dizer dos dez dias que durou esse combate em específico? A longa duração da cena faz com que o espectador familiarize-se com as trincheiras, os buracos no terreno feitos pelas bombas, os corpos pelo caminho... é uma sequência desgastante. O uso de uma linguagem jornalística em alguns momentos, com uma câmera nervosa, torna ainda mais "íntima" a luta. No entanto, a despeito da habilidade para causar desconforto dessa cena infinita (e mesmo das cenas subsequentes, menores, mas igualmente fortes), o filme falha, na minha opinião, na questão de roteiro, pois a história de Gilbert fica extremamente perdida no todo da obra - lá pelas tantas, eu nem lembrava do personagem e a linha narrativa me parecia quase aleatória. Também confesso que só me senti envolvida pelo filme quando começou a tal cena de batalha, mas, mesmo assim, diria que a história não me ganhou. Destaque para a cena no cemitério e para a cena final, tocantes. O filme tem méritos, principalmente pelo realismo com que conduz as sequências de luta, mas acho que é um que eu não teria paciência nem vontade de rever.

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