Filme do dia (196/2021) - "Daqui a Cem Anos", de William Cameron Menzies, 1936 - Década de 1930, fictícia cidade de Everytown, reino Unido. É natal e as famílias Cabal e Passworthy confraternizam. O mundo está em vias de uma grande guerra, ainda que alguns não acreditem nessa possibilidade. Em 1940, no entanto, a guerra finalmente eclode e torna nebuloso o futuro da humanidade.
Com roteiro do lendário escritor H. G. Wells (autor de "Guerra dos Mundos"), o filme entra em um franco exercício de adivinhação, tentando imaginar como seria o futuro dali a dez, vinte, cem anos. Uma das primeiras superproduções de ficção científica, o filme acerta em algumas previsões e erra grotescamente em outras. Chega a ser divertido assistir a essa obras antigas que imaginam o futuro - principalmente porque vivemos nesse futuro: queria entender por quê sua antevisão do que virá sempre imagina mundos com design arredondados nas cores branca e prata rs. É difícil falar do filme sem dar spoiler do que acontece, mas vale mencionar que ao longo dos cem anos que a história abarca sempre há uma disputa entre aqueles que acreditam na ciência e os obscurantistas, pessoas que tentam frear qualquer desenvolvimento tecnológico e científico - e, quanto a isso, H. G. Wells estava coberto de razão. Por outro lado, o autor não conseguiu prever que o avanço científico aceleraria em progressão geométrica - as viagens espaciais, que ele imaginou para dali a cem anos, viriam a acontecer a meros trinta anos de distância. Acredito que, na época, o filme deva ter sido instigante, mas, atualmente, sua previsões - com algumas exceções - soam infantis. Tecnicamente é um filme muito bem feito para a época - a fotografia P&B é usada como elemento dramático: nas cenas de guerra e desolação, ela é extremamente contrastada, nas cenas de paz e período de progresso, ela se torna clara e suave; a edição também é muito bem aproveitada, com destaque para as cenas de guerra e pós-guerra, com um ritmo mais marcado, o qual é atenuado no futuro mais desenvolvido. A direção de arte chega a ser engraçada por conta do já mencionado design futurista (porquê as pessoas usariam capas no futuro, como os super-heróis de filmes?). O filme traz efeitos especiais até que aceitáveis, se considerarmos que a obra tem quase noventa anos. O elenco principal é formado por Raymond Massey como John e Oswald Cabal, Edward Chapman como Pippa e Raymond Passworthy e Ralph Richardson como "O Chefe" - as interpretações ainda guardam certo exagero, talvez herança do cinema mudo, e não me convenceram muito não. Não vou mentir... da leva de filmes de ficção científica do terceiro box do "Clássicos da Sci-Fi" da Versátil que estou vendo, este foi o filme que menos me agradou e acho que só vale pela curiosidade histórica.
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