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hikafigueiredo

“De Repente 30”, de Gary Winick, 2004

Filme do dia (07/2024) – “De Repente 30”, de Gary Winick, 2004 – No aniversário de treze anos de Jenna Rink (Christa B. Allen), uma menina comum e sem popularidade, ela deseja ter trinta anos e ser bem-sucedida. Magicamente, Jenna (Jennifer Garner) acorda no dia seguinte e dezessete anos se passaram. Ela tem trinta anos, é rica, bem-sucedida e tem um namorado celebridade. Assustada com tudo aquilo, Jenna procura seu melhor amigo de adolescência, Matt (Mark Ruffalo), surpreendendo-se de que não são mais amigos há anos. Agora Jenna terá de lidar com aquilo que desejou.




 

Comédias românticas existem aos milhares, mas poucas são aquelas que marcam e são lembradas no futuro. Jamais havia visto este filme, mas suas cenas sempre foram recorrentes nos grupos de cinema dos quais participo. Curiosa, resolvi dar uma chance para essa obra e, sinceramente, não me arrependi. O filme é fofo como poucas comédias românticas conseguem ser e, ainda que traga alguns senões impertinentes, conseguiu enternecer meu coração peludo e pouco dado ao gênero. A história acompanha a protagonista Jenna, uma adolescente que anseia por se tornar uma adulta de sucesso com tamanho fervor que seu desejo acaba por se realizar. Subitamente, a adolescente se descobre adulta, rica e bem-sucedida profissionalmente. No entanto, ela vai descobrir que seu sucesso não se deu à toa e que, no futuro, ela se tornou alguém muito diferente do que ela era na meninice. A obra acerta ao mostrar uma Jenna adolescente em corpo de adulta – ela mantém seus sonhos, sua meiguice e uma ingenuidade adorável e é difícil não simpatizar com a personagem e sua trajetória. Mas nem tudo são flores. É impossível não fazer um paralelo desta obra com outra bem semelhante, o ótimo “Quero Ser Grande” (1988). Entretanto, enquanto Josh, o protagonista do filme antecedente, sai pelo mundo descobrindo coisas, tendo as mais diversas experiências e amadurecendo, Jenna fica muito mais focada nas questões amorosas, mesmo continuando a trabalhar regularmente. Achei essa diferença de abordagem meio machista – o personagem do gênero masculino mostra-se muito mais livre e com muito mais perspectivas e oportunidades que a personagem do gênero feminino. E o machismo e os ecos do patriarcado não param por aí – claro que, para a Jenna adulta ser uma mulher bem-sucedida, ela tem que agir de maneira grosseira (aka escrota) ou desonesta – precisava disso? Também a relação entre Jenna e sua “amiga” Lucy é apoiada em falsidade, fofoca, competição e total ausência de sororidade – na realidade, a imagem da mulher adulta no filme é sofrível. Assim, se cavar um pouco e aprofundar a leitura, a obra é quase um desserviço para as mulheres e o feminismo. Maaaaaas, estamos falando de uma comedinha romântica, é bem provável que público nenhum perceba as questões colocadas e permaneça na superfície, onde a história é só mesmo fofa e romântica. A narrativa é não-linear (óbvio), em ritmo marcado. A atmosfera é quentinha, gostosa e bastante leve. Gostei da caracterização da época da Jenna adolescente, bem oitentista (pelas minhas contas, isso se passaria no ano 1987), o que se percebe pelas roupas, cabelos, maquiagens e objetos. A trilha sonora do filme também é nota dez e conta com nomes como Michael Jackson, Talking Heads, Whitney Houston, Madonna e por aí vai, só a nata da música oitentista! Quanto às interpretações, Jennifer Garner está uma graça como Jenna – ela conseguiu imprimir um jeito inocente e curioso na personagem, ficou ótimo!!!! Como Matt adulto temos Mark Ruffalo e o ator conseguiu, da mesma forma que Garner, fazer seu personagem ser adorável. No elenco também temos Andy Serkis como o chefe gay de Jenna e Judy Greer como Lucy. A título de curiosidade, Brie Larson, adolescente, faz uma micro ponta como uma das “meninas populares”. O filme, enfim, é uma bobagem gostosa, bem amorzinho, que eu me nego a polemizar além dos toques já dados. Eu achei gracinha, gostei e recomendo, inclusive como “filme de conforto”. Ps: a cena da dança na festa é impagável pelo claro desconforto de Mark Ruffalo em dançar “Thriller”... rs

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