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  • hikafigueiredo

"Divino Amor", de Gabriel Mascaro, 2019

Atualizado: 23 de ago. de 2019

Filme do dia (102/2019) - "Divino Amor", de Gabriel Mascaro, 2019 - Brasil, 2027. O país se converteu em um estado evangélico. Joana (Dira Paes) é uma funcionária de cartório que, dada sua religiosidade exacerbada, interfere no desejo dos casais de se separarem. Ela pratica um espécie de terapia de casal religiosa, com práticas bastante inusuais. Mas, apesar de sua fé, Joana não consegue engravidar de seu marido Danilo (Júlio Machado).





Após o ótimo "Boi Neon" (2015), Gabriel Mascaro volta com o excelente e crítico "Divino Amor". Com uma visão ácida e provocativa acerca da expansão das religiões neopentecostais e sua influência nas decisões políticas e no funcionamento da sociedade, o filme denuncia as idiossincrasias e hipocrisia de um estado que deixa de ser laico para seguir uma orientação religiosa. Diria que várias passagens seriam cômicas se não fosse o fato de serem bastante factíveis, o que acaba tornando tais trechos um tanto quanto assustadores - como os portais que detectariam o estado civil das pessoas e a ocorrência de eventual gravidez nas mulheres, acabando com toda e qualquer privacidade da população. Da mesma maneira, os procedimentos adotados para o divórcio - a necessidade da passagem de CINCO ANOS entre a entrada do pedido de divórcio e sua conclusão - e a interferência dos funcionários públicos nas decisões pessoais dão, ao espectador, um sentimento de impotência e incômodo, justamente por não serem tão impossíveis de serem adotados. Outras passagens são mais irônicas - a terapia de casal pouco ortodoxa, as raves evangélicas, as práticas dos "drive thru" apropriadas pelos cultos religiosos - e arrancam um sorriso meio nervoso no público. Mas, o que mais me assustou na obra, foi ver como o fanatismo pode interferir em toda uma existência e como as práticas religiosas pouco ou nada contribuem para o desenvolvimento de cidadania, empatia e, acima de tudo, de ética. O ritmo do filme é constante (eu achei bem de boa, mas meu companheiro de sessão achou um pouco lento) e a qualidade técnica, indiscutível. Quanto às interpretações, destaque óbvio para a fantástica Dira Paes - ela se sai bem em qualquer personagem, ela é incrivelmente versátil ( e eu sou fanzaça dela!). O filme é ótimo, um mega tapa na cara da sociedade e TEM de ser visto!!! Recomendo muito!!!

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