“DJ Ahmet”, de Georgi M. Unkovski, 2025
- hikafigueiredo
- há 13 minutos
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Filme do dia (106/2025) – “DJ Ahmet”, de Georgi M. Unkovski, 2025 – Ahmet (Arif Jakup) é um garoto de 15 anos, que mora na zona rural da Macedônia, em uma rígida comunidade muçulmana e sonha em ser DJ. Ele conhece Aya (Dora Akan Zlatanova), uma jovem prometida a outro rapaz, e por ela se apaixona.

Esse delicado filme sobre a contestação juvenil e o amadurecimento, tem o mérito de conciliar, na mesma narrativa, o tradicionalismo de uma pequena comunidade muçulmana da Macedônia do Norte com as inovações e tecnologia atuais e globalizadas. Se por um lado temos um registro bastante curioso da cultura daquele povo – suas músicas e roupas tradicionais, seus costumes milenares e festas típicas – de outro temos as pessoas, principalmente a população mais jovem, antenada com o que acontece no mundo e ligada à internet e as redes sociais, criando um contraste muito bem aproveitado pelo diretor, inclusive mostrando o choque geracional que isso gera. Muito embora seja uma história dramática, a obra traz alguns ótimos alívios cômicos, como as cenas das orações na mesquita, simplesmente hilárias! A narrativa acompanha o jovem Ahmet, um pastor de ovelhas que perdeu recentemente a mãe e passou a ser criado por um pai rígido e endurecido. Certo dia, ele conhece Aya, uma moça que foi estudar na Alemanha e retornou para se casar com outro rapaz. Os dois jovens compartilham a paixão pela música eletrônica e, rapidamente, acabam se envolvendo amorosamente. Destaque para a cena em que Ahmet vê Aya pela primeira vez, muito bonitinha e divertida; para a cena da cabra recuperada; e para o clímax da história. O filme é visualmente muito bonito, não apenas pelas belas paisagens naturais, mas pelo contraste de cores possibilitado pelas coloridas roupas típicas das mulheres; a trilha sonora vai das músicas tradicionais locais à música eletrônica num piscar de olhos (passando, rapidamente, por Shakira). O ritmo é moderado, mas crescente. A atmosfera é suave, romântica, ganhando tensão à medida em que nos aproximamos do clímax. As interpretações são tão genuínas e sinceras que dá para acreditar que Arif Jakup é realmente um pastor de ovelhas - eu gostei do trabalho do menino, seu Ahmet é encantador, um personagem muito doce! O irmãozinho Naim é interpretado pelo ótimo e expressivo ator mirim Agush Agushev – um fofo! Aya é interpretada pela bela Dora Akan Zlatanova – ainda que sua atuação seja honesta, algo nela não encaixa com aquela figura vestida com roupas tradicionais... é bem mais fácil imaginá-la numa rave do que no papel de esposa tradicional macedônica, é fato. Não poderia deixar de mencionar Atila Klince, que faz o papel do muezim – o homem que conclama os muçulmanos a fazerem suas orações -, responsável por algumas das melhores cenas do filme. Eu achei uma obra muito singela e bonitinha, despertou meu afeto. O filme recebeu o Prêmio do Público no Festival de Sundance (2025). Vigésimo primeiro filme visto na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.



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