- hikafigueiredo
"Do Mundo Nada Se Leva", de Frank Capra, 1938
Filme do dia (217/2018) - "Do Mundo Nada Se Leva", de Frank Capra, 1938 - EUA, década de 1930. Alice (Jean Arthur) e Tony (James Stewart) apaixonam-se. Ocorre que Tony é filho de um rico empresário e Alice provém de uma família simples e hedonista, que, inclusive, está impedindo o pai de Tony de concluir um grande negócio. As diferenças entre as duas famílias poderá ser um empecilho ao relacionamento do casal.

Frank Capra é, reconhecidamente, um fantástico diretor, com timing perfeito para mesclar o drama e a comédia. O diretor, também, é conhecido por seus filmes ingênuos, românticos e edificantes. "Do Mundo Nada Se Leva" não foge dessa fórmula e, ao ser lançado, foi agraciado com os Oscares de Melhor Filme e Melhor Diretor, prêmios máximos da Academia. Pudera - em plena Grande Depressão, tudo que a sociedade norte-americana queria era mensagens positivas e construtivas, lições de moral claras e alguém que lhe dissesse que o importante era ser feliz e que dinheiro não era tudo na vida. Apesar do discurso ingênuo em excesso e por demais conveniente naquele momento histórico, a obra flui fácil, é gostoso de se assistir e até arranca algumas risadas do espectador, tudo graças ao talento inegável do diretor. No entanto, na minha opinião, a obra está aquém de outras de Capra, como "A Felicidade Não Se Compra", "Aconteceu Naquela Noite", "O Galante Mr. Deeds" e "Este Mundo é um Hospício", isto porque achei a "loucura" da família de Alice um tanto quanto exagerada, o que me incomodou um pouco. Ainda assim, o filme está a anos-luz da média das obras de Hollywood e não pode ser desprezado. A obra tem um ritmo ágil - não tanto quanto os blockbusters atuais, por Deus!!!! - e prende a atenção, mesmo com o público sabendo que, ao final, tudo vai se resolver de alguma forma positiva (isso não é spoiler, é mais que óbvio). O filme tem uma fotografia P&B vistosa e a montagem colabora muito pela fluidez da narrativa. No elenco, Lionel Barrymore como o sábio pai de Alice e, definitivamente, o personagem mais adorável da história; Jean Arthur está ótima como a decidida Alice; e James Stewart (de quem sou fã ardorosa!) interpreta o apaixonado e despojado Tony, começando uma dobradinha com o diretor que se repetiria em "A Mulher faz o Homem" (1939) e "A Felicidade Não se Compra" (1946) - James Stewart era perfeito para estes personagens meio ingênuos e sempre bem intencionados, até por não ter a aparência de galã, mas, sim, comum, um jeito meio desengonçado, que passaria perfeitamente por um vizinho, um colega, um amigo, fazendo com que qualquer espectador se identificasse com sua aparência tão normal, tão padrão! O filme é super gostosinho e tem a chancela de qualidade Frank Capra, ou seja, ótimo. Recomendo para a família toda.