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hikafigueiredo

“Drive-in da Morte”, de Brian Trenchard-Smith, 1986

Filme do dia (31/2023) – “Drive-in da Morte”, de Brian Trenchard-Smith, 1986 – Austrália, década de 90. Jovens sem perspectivas passam os dias sem ter o que fazer nas ruas de cidades arruinadas. Crabs (Ned Manning) possui um emprego medíocre e sai, nas horas vagas, com a bela Carmen (Natalie McCurry). Certo dia, ao irem a um drive-in, Crabs e Carmen deparam-se com uma assustadora realidade: o local, agora transformado em campo de concentração para a escória social, não tem saída possível. Mas Crabs não aceita facilmente seu destino e irá lutar pela sua liberdade.





Esse curioso “ozploitation” - “exploitation”, ou seja, filme apelativo e popular, de baixíssimo orçamento, de origem australiana – do gênero sci-fi, apesar de ser tosquíssimo, traz algumas críticas sociais no mínimo interessantes. Numa distópica década de 90, o mundo entrou em franca recessão econômica e completa decadência moral. Neste panorama, a juventude encontra-se totalmente sem perspectiva e a violência espalha-se como fogo na palha seca. Nas cidades destruídas, inexistem lideranças e as autoridades policiais mostram-se tão ou mais viciadas que a juventude decadente. Na tentativa de colocar a população sob controle, o governo cria campos de concentração para a parte mais vulnerável dela em locais naturalmente atrativos para os jovens, como drive-ins e parques, de forma que eles se dirigiriam pacificamente a estes lugares, de onde não mais conseguiriam sair. Ainda que o argumento seja bem ridículo, é fato que a narrativa toca em pontos sensíveis como a forma como a população vulnerável é descartada e tratada como gado, ou, ainda, como o desespero abre espaço para o crescimento do fascismo mesmo entre essa população fragilizada que não tem a mínima noção de si própria (não vou entrar em spoilers, mas há uma passagem onde aquela juventude completamente rejeitada pela sociedade se reúne para discutir como combater outros rejeitados, no caso, os negros e orientais levados para o mesmo campo de concentração). Okay, a discussão fica na superficialidade, mas achei válida a sua introdução na narrativa. O roteiro é bem canhestrinho e desenvolve-se aos “pulos”, mas nada é tão bizarro como a estética meio punk, meio kitsch que acompanha a obra inteira – na década de 80 era muito comum o uso de luzes coloridas na iluminação dos filmes e aqui isso foi levado ao extremo. Também temos figurino, cabelo e maquiagem esquisitíssimos, extremamente coloridos, que levam a uma poluição visual que, confesso, me cansou um bocado. Considerando o conjunto da obra, não dava para esperar interpretações dignas de Oscar – os atores e atrizes são todos terríveis, nenhum se salva. O filme, enfim, é para ser visto sem qualquer mínima expectativa, mais como curiosidade mesmo. Eu achei divertido, mas não sou nem louca de recomendar... rs

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