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  • hikafigueiredo

"Elegia da Briga", de Seijun Suzuki, 1966

Filme do dia (204/2021) - "Elegia da Briga", de Seijun Suzuki, 1966 - Okayama, 1935. Kiroku (Hideki Takahashi) é um estudante secundarista apaixonado pela jovem Michiko (Junko Asano), filha da proprietária da pensão onde reside, a qual retribui o afeto. Ambos católicos, por culpa cristã e timidez, não conseguem entabular uma relação. Como forma de frear sua libido reprimida, Kiroku investe na violência, envolvendo-se em brigas de gangues e desobedecendo a rígida disciplina escolar.





Com roteiro do genial Kaneto Shindo, a obra discorre sobre a violência e o militarismo que imperavam na sociedade japonesa naquela época e, por outro aspecto, nas severas regras sociais que norteavam os relacionamentos amorosos, ainda piorados pela influência cristã dos envolvidos. Apesar dos temas sérios, o filme tem uma pegada cômica e um viés meio caricato - pela primeira vez na vida, eu enxerguei um anime em uma obra live action; inúmeras foram as cenas em que a expressão facial ou movimentação física extremamente burlescas me remeteram diretamente às animações japonesas no estilo anime e aos mangás - o que eu, admito, achei divertidíssimo. A obra começa bem mais satírica que o final - o desfecho, inclusive, abandona completamente essa comicidade e me deixou bastante desgostosa (não por ser ruim, de forma alguma, mas por ser frustrante e dramático). A história, por vezes, fica um pouco caótica - os desentendimentos e as brigas me confundiam e, tirando o personagem principal, eu não conseguia mais identificar quem era quem na confusão estabelecida; de qualquer modo, o protagonista, "badass" de carteirinha, a gente não perdia de vista e isso é o mais importante. A narrativa é linear, em ritmo muito ágil e constante. A fotografia P&B muito contrastada tem importante papel dramático e de formação de atmosfera ao longo da narrativa. A música de natureza militar reforçam a temática do militarismo. As interpretações são simplesmente ótimas, em especial de Hideki Takahashi (gente... esse homem era tão lindo que daria para rivalizar com meu muso Toshiro Mifune!!!!!!) - toda a expressão facial e corporal dele é muito engraçada (no começo) e dramática (no final). Gostei muito e tem uma linha bem característica do diretor de "Tóquio Violenta" (1966) e "A Vida de um Tatuado" (1965), inclusive com aquele ritmo alucinante tão diferente do que a gente está acostumado no cinema oriental. É ótimo. Vale a visita!

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